quinta-feira, 26 de julho de 2012

O olhar de Nelson Rodrigues pelo "Buraco da Fechadura"



Buraco da Fechadura
De Nelson Rodrigues

Montagem dirigida por Rafael Camargo resgata a obra do dramaturgo para falar do humano e suas contradições


“Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico (desde menino).”
Nelson Rodrigues


Para comemorar os 100 anos de Nelson Rodrigues, um dos mais importantes ícones da dramaturgia brasileira e universal, surge Buraco da fechadura. A peça, com direção de Rafael Camargo, estreia no dia 1º de agosto e faz parte de uma série de eventos que estão sendo programados para a abertura do Portão Cultural, antigo Centro Cultural do Portão. O projeto é resultado da parceria entre as companhias Rumo e Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio.

Da força natural, bruta e viva da obra do mais influente dramaturgo do Brasil, a montagem emerge a partir da compilação de alguns contos de “A vida como ele é”: O MonstroA dama do Lotação, Caça Dotes, Missa de Sangue,Veneno e Unidos na Vida e na Morte. Unindo fragmentados diálogos e as mais inusitadas situações, o diretor paranaense desenha através de um olhar particular o universo rodriguiano.

Limite, doença, paixão, força vital, sexo, culpa e medo. Na montagem, o humano e suas contradições convivem simultaneamente num caleidoscópio de experiências que traduzem o que somos capazes de ser, revelando o que não é permitido revelar. Tomados por sentimentos potencialmente incontroláveis, em estado febril, os personagens assumem o papel de pessoas próximas. Somos nós mesmos em situações limite, socialmente repreensíveis.

Como moldura, o buraco da fechadura. O silêncio e o respirar anônimo e ofegante do lado de cá inquieta tanto quanto o que acontece lá dentro. Em vários depoimentos, Nelson Rodrigues fala sobre este olhar: algo como espreitar, ver sem ser visto. O que não era para ser visto, o que era pra ficar entre quatro paredes, ou no máximo em família. Afinal, é sempre bom lembrar: às vezes estamos aqui, outras estamos lá.

FICHA TÉCNICA:
Da obra de Nelson Rodrigues - Adaptação, Dramaturgia e Direção| Rafael Camargo  Elenco| Adriano Petermann, Diego Marchioro, Marcel Gritten, Martina Gallarza, Rosana Stavis e Pagu Leal. Cenografia| Maria Baptista e Gabriel Gallarza  Cenotécnico| Alfredo Gomes Figurino| Paulo Vinícius Direção Musical| Leonardo Pimentel Arranjos| Leonardo Pimentel, Guilherme Miúdo e Lucas Melo lluminação| Beto Bruel  Realização| Rumo e Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio.

SERVIÇO: 
Teatro Antonio Carlos Kraide - Portão Cultural
Avenida República Argentina, 3430, Água Verde - Telefone: 41. 3229 4458 e 41. 9876 3596
De 1º a 26 de agosto
Quarta-feira às 17h e 20h
Quinta a sábado às 20h e domingo às 18h
Ingressos: Quartas – 1 kg de alimento não perecível
Quinta a domingo – R$ 10 e R$ 5

terça-feira, 24 de julho de 2012

Imprecações: três textos inéditos de Michel Deutsch


Diego Duda, Mazé Portugal, Thadeu Peronne e Ludmila Nascarella, do elenco de Imprecações
(foto de Cayo Vieira)


             A Lei Municipal de Incentivo à Cultura, a Caixa Econômica Federal e o Grupo Positivo apresentam a estreia da peça Imprecações, da companhia Serial Cômicos dia 2 de agosto (5ª feira), às 20h, no Teatro José Maria Santos.
A montagem reúne três textos do francês Michel Deutsch entitulados As Despedidas (Les Adieux), Os Beijos (Les Baises) e Audição (L’Audition) com direção de Márcio Mattana e foi idealizada quando Thadeu Peronne participou da Oficina de Teatro Francês Contemporâneo (2002) com o autor. Peronne atua na peça e faz parte da linha de frente da Serial Cômicos junto com Mazé Portugal.
Organizado em torno do processo de colagem, o espetáculo mistura materiais contrastantes para produzir uma comédia crítica e repleta de cinismo, na qual o retrato da vida cotidiana convive com a farsa e a paródia.
A encenação de Márcio Mattana aposta no contraste entre uma elocução verbal rigorosamente realista e composições claramente artificiais, buscando sempre uma sensação de estranheza por detrás do humor. Nas palavras do diretor, “os materiais de Michel Deutsch, embora divertidos, têm um sentido político. Não se trata de simples matéria de diversão: trata-se de revelar a estranheza da vida ordinária para, por meio da paródia, criticá-la”.

O diretor
Professor de teatro na FAP – Faculdade de Artes do Paraná há quase uma década e mestrando em Literatura pela UFPR, Márcio Mattana foi o responsável pela primeira encenação brasileira de dramaturgos como Mark Harvey Levine (EUA) e Martin Crimp (Inglaterra).

O autor
O dramaturgo francês Michel Deutsch é, juntamente com Jean-Paul Wenzel, um dos criadores do Teatro do Cotidiano, movimento que promoveu importante renovação na dramaturgia francesa das últimas décadas. Sua obra extensa e heterogênea reúne desde grandes dramas de fundo histórico, como A Década Vermelha (La Decenie Rouge) até coletâneas de comédias curtas como John Lear e Imprecação 36 (Imprécation 36). Sobre o trabalho de Deutsch, o professor de estudos teatrais da Universidade de Paris, Jean-Pierre Ryngaert diz que “o humor cria um efeito de surpresa e propõe, de saída, um vínculo particular, "ativo", com o leitor, que se sente como convidado a participar de um trabalho de decifração do que está sendo escrito”. (Ler o Teatro Contemporâneo, Martins Fontes, 1998).

Serial Cômicos
A companhia é formada por atores-comediantes-criadores e vem desenvolvendo trabalhos de experimentação e busca de linguagens e técnicas teatrais diversas. Possui núcleos de trabalho em Curitiba e São Paulo e busca não apenas entreter, mas também provocar reflexões acerca do mundo em que vivemos. Segundo Mazé Portugal, atriz, produtora e também diretora da Serial Cômicos “o convite de diretores renomados faz parte da estratégia de pesquisa da companhia que está sempre buscando aprimoramento do seu trabalho.”
Dentre as principais obras, destacam-se: Cold Meat Party (Brad Fraser), Um Lugar Perfeito (Phillip Ridley), A Farsa do Boi (Adriano Barroso) e Os Bobos de Shakespeare.

FICHA TÉCNICA

Autor: Michel Deutsch
Tradução: Cynthia Becker e Marcelo Bourscheid
Direção geral: Márcio Mattana
Elenco: Diego Duda, Ludmila Nascarella, Mazé Portugal e Thadeu Peronne
Criação de Luz: Beto Bruel
Figurinos/Adereços: Paulo Vinícius
Trilha Sonora: Vadeco
Direção de Produção: Mazé Portugal e Thadeu Peronne
Design Gráfico: Aurélio Dominoni
Fotografia: David D’Visant

Serviço:

Imprecações
Comédia (duração: 60 min.)
Data: 2 a 19 de agosto
Horário: 20h (5ª feira a sábado) e 19h (domingo)
Telefone: (41) 3322-7150
Local: Teatro José Maria Santos I Rua 13 de maio, 655 I Curitiba-PR
(Possui estacionamento e acessibilidade)
Ingresso: R$10 e R$5 (estudantes, idosos, Grupo Positivo, clientes Caixa Econômica Federal)

Informações:  http://serialcomicos.blogspot.com

Márcio Mattana (ao fundo) com Thadeu Peronne,
Ludmila Nascarella, Diego Duda e Mazé Portugal.
(foto divulgação)