quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mostra Cena Breve Curitiba - sétima edição


A CiaSenhas Teatro e a Núcleo Produções propõem a realização da Mostra Cena
Breve Curitiba – a linguagem dos grupos de teatro com o objetivo de criar um
espaço de encontro, experimentação e reflexão, onde os grupos de teatro poderão
compartilhar suas propostas estéticas em cenas de até 15 minutos.
Em sua 7ª edição, a Mostra abre inscrições para grupos de teatro que desenvolvem
um trabalho continuado de pesquisa e criação teatral, e reafirma a intenção de
fortalecer a produção artística de coletivos teatrais responsáveis pela diversidade
estética da cena contemporânea.
Em 2011, a Mostra receberá 16 cenas que farão 02 sessões diárias (às 19h e às
21h) no Teatro Novelas Curitibanas. Destas, 4 cenas serão escolhidas para uma
curta temporada, encerrando a programação. Este formato amplia a participação
dos grupos e proporciona à cena novos encontros com a platéia.
Aceite o desafio e inscreva sua cena!


Informações e inscrições para o Cena Breve aqui.
Vejam mais no blog da Cia.Senhas.

Por que o Brasil não tem indignados?

Fiz a tradução do texto oportuno do jornalista espanhol Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal "El País" e que está sendo reproduzido por vários sites e blogs brasileiros.

A cobrança que Arias faz é legítima. Até porque ele, morando no Brasil, não aceita que nós sejamos cordeiros e cordatos com relação ao que a corrupção política tem trazido de malefícios para todos nós. Permitir que os políticos continuem a fazer o que fazem, que retirem de contratos e contas públicas o dinheiro que falta para a melhoria da saúde (abalada, sempre), transportes (deficiente), infraestrutura (precária), educação (abandonada), segurança (ineficaz), é assinar um atestado de burrice. Coisa que eu não sou e não assumo assim. Também não aceitarei ser chamado de conivente. E contra isso eu quero lutar ainda mais fortemente. Hoje, mais uma vez, estou deixando de publicar, aqui, um espaço para os estudos do teatro e da dramaturgia, para, como cidadão brasileiro, assinalar, aí sim, traduzir para o português o que escreveu com tamanha lucidez o jornalista Juan Arias. E minha tradução de um tema político, para mim se transformou num tema de consciência e de lucidez. Tudo o que um escritor, um estudioso da dramaturgia, tem que ter: consciência e lucidez. Para não permitir, sobretudo, que essa "nossa coletiva omissão" se transforme num atestado eterno de termos permitido, em nosso tempo, que os políticos fizessem de nossa história uma verdadeira e inaceitável tragédia.



Por que o Brasil não tem indignados?

Juan Arias – EL PAÍS – Espanha

O fato de que em apenas seis meses de governo a presidente Dilma Rousseff tenha demitido dois de seus principais ministros, herdados do governo de seu antecessor, Lula da Silva (o da Casa Civil da Presidência, Antonio Palocci, uma espécie de primeiro ministro, e o de Transportes, Alfredo Nascimento), demitidos sob os escombros da corrupção política, pode-se perguntar aos sociólogos por que neste país, onde a impunidade dos políticos corruptos tenha chegado a fazer extensiva a idéia de que “todos são uns ladrões” e que “ninguém vai para a cadeia”, não exista o fenômeno, hoje em voga em todo o mundo, do movimento dos indignados.
É que os brasileiros não sabem reagir diante da hipocrisia e falta de ética de muitos dos que os governam? É que não lhes importam que os políticos que os representam, no Governo, no Congresso, nos estados ou nos municípios, sejam descarados sabotadores do dinheiro público? Se perguntam, não poucos analistas e blogueiros políticos.
Nem sequer os jovens, trabalhadores ou estudantes têm apresentado até agora a menor reação diante da corrupção dos que os governam. Curiosamente, a mais irritada diante do assalto aos cofres públicos por parte dos políticos, parece ser a primeira presidente mulher, a ex guerrilheira Dilma Rousseff, que demonstrou publicamente seu desgosto pelo “descontrole” em andamento em áreas de seu governo. A presidente já retirou de seu governo – diz que ainda não terminou a limpeza – dois ministros chaves, com o agravante de que foram herdados de seu sucessor, o popular Lula da Silva, que lhe pedira para mantê-los no governo.
Hoje a imprensa diz que Dilma começou a desfazer-se de certa “herança maldita” de hábitos de corrupção do passado. E por que não provoca eco nas pessoas na rua, ressuscitando aqui também o movimento dos indignados? Por que não se mobilizam as redes sociais? O Brasil, depois da ditadura militar, saiu às ruas inspirado pela marcha das “Diretas já”, para pedir a volta das urnas, símbolo da democracia. Também o fez para obrigar ao ex presidente Collor a deixar seu cargo diante das acusações de corrupção que pesavam sobre ele. Mas hoje o país está calado diante da corrupção em andamento. As únicas causas capazes de levar para a rua até dois milhões de pessoas agora são os homossexuais, os seguidores das igrejas evangélicas na festa de Jesus e os que pedem a liberação da maconha.
Será que os jovens não têm motivos para exigir um Brasil não somente cada dia mais rico (ou menos pobre, pelo menos), mais desenvolvido, com maior força internacional, se não também menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual, onde um vereador não ganhe até dez vezes mais que um professor e um deputado cem vezes mais, onde um cidadão comum, depois de 30 anos de trabalho, se aposente com 650 reais (400 euros), enquanto um funcionário público com até 30 mil reais (13 mil euros)?
Em breve o Brasil será a sexta maior potência econômica do mundo, mas no momento é o mesmo em desigualdade social e na defesa dos direitos humanos. Entretanto trata-se de um país onde não se permite à mulher abortar, o desemprego de pessoas de cor alcança uns 20% - contra 6% de brancos – e a polícia é uma das mais violentas do mundo.
Há quem justifique a apatia dos jovens pelo fato de que uma propaganda bem sucedida os convenceu de que agora o Brasil é invejado por todo o mundo (e é em outros aspectos). Ou que a saída da pobreza para 30 milhões de pessoas tem levado a acreditar que tudo está bem, sem compreender que um cidadão da classe média européia equivale mesmo hoje a um rico daqui.
Outros justificam pelo fato dos brasileiros serem gente pacífica, pouco dada a protestos, e que gosta de viver feliz com o que têm e que trabalha para viver, em vez de viver para trabalhar. Tudo isso também é certo, mas não se explica ainda por que, em um mundo globalizado, onde se conhece no mesmo instante tudo o que acontece no planeta, começando pelos movimentos de protesto de milhões de jovens que pedem democracia ou a acusam de estar degenerada, os brasileiros não lutem para que o país, apesar de ser mais rico, também seja mais justo, menos corrupto, mais igualitário e menos violento em todos os níveis. Assim é o Brasil que os honestos sonham deixar para seus filhos, um país onde as pessoas, no entanto, não perderam o gosto de desfrutar do pouco ou muito do que tem e que seria ainda melhor se surgisse um movimento de indignados, capaz de limpá-lo das sujeiras da corrupção que agridem todas as esferas do poder.


(tradução de Rogério Viana)


Leiam mais sobre o texto de Juan Arias, no blog do Reinaldo Azevedo, da revista VEJA.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

"Gargólios" de Gerald Thomas - uma crítica de Reinaldo Azevedo

Leia a crítica de Reinaldo Azevedo sobre a montagem "Gargólios" de Gerald Thomas. Leia neste link.


GARGÓLIOS


Gargólios é o espetáculo que a London Dry Opera Company apresenta em curta temporada em duas cidades paulistas. Até 24 de julho tem sessões no teatro do SESC Vila Mariana, em São Paulo e, nos dias 30 e 31 de julho, será a vez do Teatro do SESC Santos.
A história mostra um garoto cego, cujo nome tem origem muçulmana, e que busca um endereço em Nova York. Pergunta a várias pessoas e leva nas mãos um bilhete (referência a Samuel Beckett) e uma rosa morta (referência a Jean Genet). “Se Freud estivesse vivo, provavelmente diria que somos os nossos próprios ‘E’ (maiúsculo) piores inimigos”, diz Thomas.
Gargólios tem direção associada e de movimento de Daniella Visco, iluminação de Caetano Vilela, cenografia, figurino e objetos de cena de Jan-Eric Skevik, além de trilha sonora de John Paul Jones, que inclui solo de piano original composto especialmente para a encenação. A peça é encenada em Inglês, com legendas em português.
Com direção de Gerald Thomas, após três anos sem encenar no Brasil, este é seu segundo trabalho com a companhia londrina. Para o diretor, o espetáculo lida com aquilo que não queremos ver, mas também com aquilo que fomos antes da era dos atentados.
Gargólios
SESC Vila Mariana
Sexta e sábado, às 21h, e domingo, às18h
Tel.:             (11) 5080-3000          (11) 5080-3000