sexta-feira, 29 de abril de 2011

"Tango", um texto que dança com corpos e palavras

Duplos sentidos e provocações neste "Tango" que dança com palavras

Terminei a tradução do peça teatral "Tango", da autora argentina Patricia Zangaro. O texto é uma dança. Tem um ritmo todo próprio. Difícil começar e parar no meio. Assim, embalei-me neste "Tango". Um texto que brinca, dança, provoca, impõe, surpreende, asfixia, provoca, dá prazer e explode num encontro sensual sem precedentes entre os corpos e as palavras. Os sentidos - todos eles - e a emoção de dançar ao som de tangos que trazem um "duplo sentido", uma provocação, uma coisa que se diz e não é ou o que é mesmo quando não se diz.

Na parte final do texto, há um comentário de Susana Poujol e vou fazer daquelas palavras, as minhas. A tradução também é minha.

Tanguedia


Sobre “Tango” de Patricia Zangaro

Entre o frio da imobilidade e o calor do movimento total de macho-fêmea, “Tango” é um poematango.

Não somente uma dança com a palavra, senão uma cerimônia erótica, descaradamente tanguera: a paixão do homem que manda, ordena, marca, e ela, o paninho, a seus pés.

Papéis de homem-mulher que também significam marcação, em um duelo sexual onde se fala com as mãos, os pés, a carne, os mamilos, o sêmen, a “apertada”. Dança desaforada dos zelos, que não perde nunca o um, dois, três, “sentadinha”, acompanhada pelo título de um tango, ou outro, ou outro...

A paixão final, devorar-se, morrer um e o outro, morde em torno de imagens: os corpos e a palavras compõe e dançam uma “tanguedia” tão rígida quanto feroz.

Susana Poujol 

O texto "Tango" foi vencedor, na Itália, em 2008, do Prêmio "La Scrittura della differenza".

Os interessados em lerem o texto "Tango" de Patricia Zangaro que traduzi poderão solicitá-lo pelo e-mail: rogeriobviana@yahoo.com.br

quarta-feira, 27 de abril de 2011

"A boca amordaçada", cena breve de Patricia Zangaro

Talvez alguém se apiede e com a pedra
mais pesada esfacele minha cabeça...
O texto abaixo, "A Boca Amordaçada", uma cena breve, estreou com tradução em francês de François Thanas, no Festival de Avignon em 1999, e no mesmo ano no Festival Internacional de Buenos Aires, dentro do espetáculo “A Confissão”, com direção de Michel Dydim e Veronique Bellegarde. 

Em Buenos Aires foi interpretada pela atriz Cristina Banegas. 

Esta versão em português fiz a partir do original em espanhol que me foi enviado pela autora Patrícia Zangaro.

A boca amordaçada

Patricia Zangaro
  
Uma mulher envolta em um trapo escuro.

Mulher – Tenho quarenta anos. Meu nome... prefiro não dizê-lo. Mesmo que você veja esta ruga, como um corte em minha cara, ainda tenho as carnes de uma menina. É bem verdade que os filhos devoraram meus seios... e que meu ventre é um campo de batalha... Porém minha pele se aquece com a menor carícia... Talvez você queira enfiar sua mão embaixo de minha blusa... se isto fosse permitido... Eu lhe disse que tenho quarenta anos? Meu pai colocou-me o nome de sua mãe, que também era o de sua avó... Prefiro não dizê-lo, se isto não o chatear... Já lhe falei do meu marido? Tem o cabelo grisalho... Sua cabeça... já era branca no dia do casamento... Fui sua esposa aos quatorze anos... Eu tinha o cabelo preto... uma trança oleosa até as coxas... Ele, porém, sempre teve o cabelo grisalho... e uma casa, com um curral e cabeças de gado... Meu pai quis que meus filhos fossem criados gordinhos... E assim foi... Graças ao meu pai tenho um bom marido... Não sei se lhe disse que meu marido era viúvo... Sua mulher morreu no parto... Eu não morri em nenhum... Magnífico tinha nove anos quando se festejava meu casamento... Eu lhe disse que Magnífico é meu enteado? ... Nove anos e o cabelo bem preto... Cresceu quieto pelos cantos... Seu pai o mandou certa tarde, matar e cortar porcos... Era um homem quando voltou sujo de sangue... Abraçou-me no tanque enquanto o banhava... Desde então o tenho procurado às escondidas do seu pai... os primeiros dias com vergonha... os últimos anos desesperadamente... Nós nos amamos na penumbra, com desejos rápidos... a boca amordaçada... Chorei algumas vezes... por culpa... muitas vezes de medo... porém as outras eu chorei de desejo... uma espada afundando entre minhas pernas... E sempre encontrei alívio no corpo às escuras com Magnífico... Eu lhe falei de sua serpente em chamas? De suas enfiadas e sacudidas? Você imagina um gato eriçado em suas entranhas? Ou a dentada cega de um javali? Nunca meus lábios estiveram tão macios, nem tão inquieta minha cintura... Nunca antes... Com meu marido... devo confessar-lhe... Nunca com estes espasmos... nem a pele indiscreta... nem o riso solto... Ser um homem tão bom... com o cabelo tão grisalho... tem olhos de chicote... Vai querer saber se estou arrependida... às vezes... pelos meus filhos... que sofreram... Eu os fui esquecendo na paixão surda de Magnífico... Conheceram sopas frias, nádegas queimadas e piolhos... O menor chora às noites... Tem o cabelo bem preto... Eu gostaria de poder abraçá-lo agora... mas é tarde. Amanhã, em plena praça, vai assistir a execução... não são coisas que uma criança possa ver... Não acredita? Seu pai disse que é um bom exemplo... O obrigará a ver até o fim do suplício... Nos amarrarão juntos um ao outro... Sentirei a respiração de Magnífico quando o carrasco levantar seu braço... e nos olharemos antes que sobre nós caia a pedra... Uma pedra afiada me arrancará os seios... Meu filho vai desejar virar a cabeça, porém seu pai o obrigará a cravar seus olhos pretos nos meus... Vai me destroçar lentamente a pedradas e ainda vai me doer o sexo esfolado de Magnífico... Vão me arrebentar os olhos e a boca... Vou me afogar em meu próprio sangue... E como não morrerei, terá meu filho que contemplar minha agonia... Talvez alguém se apiede e com a pedra mais pesada esfacele minha cabeça... Tenho pavor da dor... Desde pequena chorava quando era castigada... Poderei suportar o tormento com honra? Os olhos do meu filho você sabe, me afligem... Porém mais me aflige que depois do martírio e da morte, nunca... nunca mais... poderei gozar do corpo de Magnífico...


"Carícias", última semana no Teuni da UFPR

Cena de "Carícias", montagem da Companhia de Teatro Palavração
Este será o último final de semana de apresentação de "Carícias", texto do premiado autor catalão Sergi Belbel e na montagem da Companhia de Teatro Palavração. O texto do autor espanhol foi objeto de leitura e de estudo, em 2009, na Oficina de Dramaturgia do  SESI com o Roberto Alvim. 


Nesta montagem do Palavração o texto pode (ou deve) ter perdido algumas cenas, digamos, mais pesadas, já que a classificação é para 16 anos. Vale conferir.


A peça

O texto de Sergi Belbel convida a uma viagem através das relações brutais atuais que enunciam situações quase limite sobre a complexa comunicação do ser humano. Uma espiral de personagens solitárias que tentam comunicar-se e acariciar-se num terreno hostil, contexto semelhante ao dos nossos dias. Este é um tempo árido onde o respeito ao próximo é mais que transgredido no cerne da composição familiar.

"Carícias" - montagem da Companhia de Teatro Palavração

Direção: Paulo Marques
Co-direção: Letícia da Rosa
Elenco: Claudia Brito, João Winch, Lívia Deschermayer, Marcos Trindade, Rebeca Hasson, Rita Sales e Willy Bortolini.
O espetáculo estará em cartaz nos dias: 29 e 30 de abril - 20 horas e 1º de maio - 19 horas no TEUNI - Teatro Experimental Universitário que se localiza no prédio histórico da UFPR , na Praça Santos Andrade. A entrada é franca e a classificação é de 16 anos.

Veja vídeo promocional do espetáculo clicando aqui


No cinema


O texto de Sergi Belbel, escrito em 1991 foi transformado em filme em 1998 pelo também catalão Ventura Pons. Aqui no Brasil não recebeu uma boa crítica. Aliás, recebeu uma crítica muito pesada como pode ser lida neste site - 50 anos de Filmes.





terça-feira, 26 de abril de 2011

Tradução de texto que vai estrear em Buenos Aires

"África" vai estrear em Buenos Aires no
dia 22 de maio no Teatro do Povo

Na semana passada concluí a tradução de “A cumplicidade da Inocência”, texto de Adriana Genta e Patricia Zangaro, que está em cartaz no teatro Celcit em Buenos Aires. Enviei o texto para as autoras e recebi de Patrícia Zangaro a autorização para divulgar a tradução como também ela aproveitou para me enviar mais sete de seus textos teatrais.

Perguntei para a Patrícia se aqueles textos eram um desafio ou ela o enviara para que eu conhecesse mais profundamente seu trabalho. Ela, então, respondeu-me que não teria coragem de propor ou sugerir que eu traduzisse todos os textos, mas eu disse que aceitaria ir traduzindo um por um, até porque, assim, poderia dar um mergulho na dramaturgia dela e entender um pouco mais como se produzem textos de teatro na Argentina.

Foi assim que optei por traduzir o primeiro texto da lista de sete peças. E escolhi, então, “África (um continente...)”. Para minha surpresa, o texto vai ganhar os palcos pela primeira vez a partir do próximo dia 22 de maio, no Teatro do Povo em Buenos Aires e tem direção de Alejandro Ullúa. Portanto, fiz a tradução de um texto ainda inédito nos palcos argentinos.

Segue abaixo a sinopse de “África (um continente...)” que foi desenvolvida pela própria autora.

Sinopse

No terraço de um arranha-céu em uma cidade qualquer. O encontro inesperado de um homem, uma mulher, uma moça e um rapaz. Atravessam a noite discorrendo com alguma hostilidade, com certo enfado. Muito embora um homem negro agonize lá em baixo. Como um continente que se funde no esquecimento, África... um continente se articula em torno a este outro que não se vê nem se ouve, silenciado pelo palavreado vazio da cidade.

Patrícia Zangaro comenta sobre a origem do texto

África... um continente nasceu como uma exploração sobre a linguagem, como uma pergunta sobre aquilo que falamos, sua necessidade, seus limites e impossibilidades. Em meio ao palavreado urbano, acreditei identificar quatro vozes, a de uma mulher, de um homem, de uma moça e de um rapaz. Imediatamente suas silhuetas se recortam no terraço de um arranha-céu e, ao tropeçar um no outro, conversam. Invadi suas palavras, e o mundo de África... um continente começou a ser criado.

O diretor Alejandro Ullúa fala sobre a montagem de África

Esta nova obra de Patrícia Zangaro fala do horror como algo cotidiano, porém muito longe de normalizá-lo, o olhar é ferozmente crítico. Os personagens de África... um continente são devorados por algo que os angustia e os impede de comunicar-se entre si, porque cada um permanece preso em seu próprio inferno. O desafio da montagem é fazer com que os diálogos estourem e nos perturbem.

Ficha artística e técnica

Autora: Patricia Zangaro
Elenco: Salo Pasik, Stella Matute, Verónica Hassan, Matías De Padova
Assistência de Direção: Florencia Ravera
Assistência de produção: Sofía Kiguel
Assistência de Cenografía e Figurino: Laura Muñoz e Camilo Caycedo
Fotos: Fuentes2Fernandez Fotografías
Música e trilha sonora: Sergio Vainikoff
Desenho de Iluminação: Matías Iaccarino
Desenho de Cenografia e Figurino: Valentina Bari
Produção Executiva: Andrea Montaldo
Assessoria de Imprensa: Simkin & Franco
Direção: Alejandro Ullúa

Duração aproximada: 60 minutos

Os interessados pelo texto poderão solicitá-lo através do meu e-mail: rogeriobviana@yahoo.com.br ou deixando seu pedido nos COMENTÁRIOS.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A cumplicidade social

Cena de "A cumplicidade da inocência"
Foto de Soledad Ianni

A peça "A cumplicidade da inocência" tem seis cenas, seis histórias, doze personagens. Na Cena IV (com um pequeno trecho abaixo) - dá para perceber o que dá para ser cúmplice com uma pretensa ingenuidade. A peça está em cartaz em Buenos Aires, foi escrita este ano e eu a traduzi durante o feriado da Páscoa. Vejam parte do texto e como as duas autoras - Adriana Genta e Patricia Zangaro - trabalharam cada uma com três das histórias da peça. Dramas, em pequenas doses, que tornaram muito grande a tragédia que se abateu sobre o povo argentino durante a última ditadura militar, logo após o desaparecimento de Perón e, em seguida, com a queda de sua Isabelita.

Na foto, imagem da cena abaixo.


A Cumplicidade da Inocência 

Cena IV – A cumplicidade social

Por alguma coisa

De Adriana Genta

A copa-cozinha de uma casa popular na região de Cuyana. Há objetos de decoração de aniversário e sobre a mesa um bolo de criança. São mostrados elementos de costura: um manequim, uma máquina de costura, caixa de costura, tesouras. Entra Dona Berta orientando Clara.

(...)

Clara(interrompendo-a) As pessoas são maldosas e vivem comentando.

D. Berta – As pessoas são maldosas e... (enfática) inventa!

Clara – Quando o rio faz barulho, traz água.

D. Berta – E às vezes traz lama.

Silêncio.

D. Berta – Ouça, se eu decidir contar é para que não acredite em tudo o que vai ouvir por aí.

Clara – Mas, o que é mesmo que dizem?

D. Berta – Vão dizer que... que... Os militares o levaram por ser subversivo.

Clara reprime-se e tapa na boca uma exclamação de surpresa e susto.

D. Berta – Mas não é certo, não se assuste. Bem, mas que os militares o levaram, sim. Mas que seja um subversivo, não. Um homem trabalhador. Uma benção de Deus.

Clara – Porém ele deve ter feito alguma coisa.

D. Berta – Não... Somente estava como catequista com os padres, estes que não usam batinas, sabe? Queriam fazer uma cooperativa agrária em terras abandonadas. E claro, armou-se uma confusão, porque esta gente tem seus costumes e seus patrões há muitos anos.

Clara – Está preso?

D. Berta – Sim... Deve estar... Porém não sabemos nada.

(...)

domingo, 24 de abril de 2011

Tradução de texto do teatro argentino contemporâneo: A Cumplicidade da Inocência


Patricia Zangaro, Carlos Ianni e Adriana Genta.
(foto divulgação - Diário Página 12 - Argentina)

Através do foro do CELCIT pude acompanhar todo o trabalho de preparação e de divulgação da montagem de "La complicidad de la Inocencia", na cidade de Buenos Aires. O tema, logo de início, chamou a minha atenção. E com este interesse, quis conhecer o texto escrito por Adriana Genta e Patricia Zangaro, autoras argentinas.

A razão do meu interesse, além das questões óbvias de conhecer alguns aspectos das estratégicas dramatúrgicas empregadas pelas autoras no texto, havia, também, a curiosidade de saber como as duas trataram a questão central do texto que é a última Ditadura Militar naquele país, naqueles anos de triste memória e após o retorno e a queda de Perón e de sua Isabelita.

Esta semana baixei o texto diretamente do site do CELCIT e o estudei com detalhes. Interessou-me, então, traduzi-lo também. E o fiz com muita alegria, aproveitando os dias de feriado.

O texto com as seis cenas, seis histórias, seis dramas, torna muito claro a dimensão do que foi a ditadura militar em terras argentinas. Revela muito mais que as seis histórias. Nos mostra, de uma maneira muito objetiva que grandes tragédias só acontecem quando pequenas tragédias se multiplicam pelo tecido social de um país. E são estas pequenas tragédias, estas inocentes tragédias que tornam cidadãos comuns, cúmplices de um drama de dimensões incalculáveis.

Encaminhei o texto traduzido para Adriana Genta e Patricia Zangaro e ambas autorizaram que eu publicasse o trabalho que fiz e que tem o título de "A Cumplicidade da Inocência", cujo subtítulo é "Terror e Miséria da Classe Média Argentina".

A peça "La complicidad de la inocencia" que está em cartaz no teatro do CELCIT em Buenos Aires, tem a seguinte ficha técnica e artística:

Texto de Adriana Genta e Patricia Zangaro

 Com
Julieta Bottino
Carolina Erlich 

Teresita Galimany
Juan Lepore
Andrea Magnaghi
Hugo Men
Josefina Recio
María Svartzman
Fotos:
Soledad Ianni
Música
Osvaldo Aguilar
Assessoramento cenoplástico
Jorge Ferro

Cenografía,  figurino, iluminação e direção:
Carlos Ianni

Espetáculo sem intervalo
Duração: 65 minutos
Temporada 2011

Sobre "A Cumplicidade da Inocência"

Em seu célebre artigo de 1934 - "Cinco dificuldades para dizer a verdade", Brecht havia escrito: "Se em nossa época é possível que um sistema de opressão permite a uma minoria explorar a maioria, a razão reside em uma certa cumplicidade da população, cumplicidade que se estende a todos os domínios".
Um ano mais tarde começaria a escrever os vinte e quatro episódios de "Terror e misérias do Terceiro Reich", onde baseando-se em testemunhos e notícias publicadas pela imprensa, relata um punhado de pequenas histórias de covardia, cumplicidade e violência da sociedade alemã dominada pelo nazismo.
Adriana Genta e Patricia Zangaro comentam sobre o trabalho que desenvolvera: "Quando Carlos Ianni - o diretor da montagem - nos convocou para conceber a dramaturgia de um espetáculo que levantava questões sobre o terror e a miséria de nossa própria sociedade durante a última ditadura militar, começamos a enxergar o modo como o medo deslizou-se pelas tramas de um tecido social arrebentado, impregnando o imaginário de cidadãos comuns e percorrendo até seus vínculos mais íntimos, para engendrar silenciosas cumplicidades com a repressão e domésticas reproduções de submetimento. Dessas indagações surgiram as seis histórias do texto ´A cumplicidade da Inocência´, histórias tão insignificantes e obscuras como as criaturas que as habitam".


As seis histórias divididas em seis cenas são:


Cena I - O dia do golpe - Bico Fechado (de Patricia Zangaro)


Cena II - O extermínio da "Subversão" - Privadas (de Adriana Genta)


Cena III - O medo se instala na sociedade - Marchem (de Patricia Zangaro)


Cena IV - A cumplicidade social - Por alguma coisa (de Adriana Genta)


Cena V - A censura - Este são os contos (de Patricia Zangaro)


Cena VI - Do estado geral do medo para a delação - O cheiro (de Adriana Genta) 

Os interessados poderão solicitar a peça traduzida através do meu e-mail:

rogeriobviana@yahoo.com.br