sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Isso te interessa?



A premiada companhia brasileira de teatro estreia dia 15 de setembro sua mais nova montagem, “Isso te interessa?”. Com entrada franca, ficará cinco semanas em cartaz no Teatro Novelas Curitibanas. A montagem traz a adaptação do texto “Bon, Saint Cloud” da dramaturga francesa Noëlle Renaude, cuja obra é inédita nos palcos do país. Trata-se de um drama permeado pelo humor, no qual a vida cotidiana de uma família surge como ponto de partida para reflexões sobre a natureza humana. Com direção de Marcio Abreu, a encenação traz os atores Giovana Soar, Nadja Naira, Ranieri Gonzalez e Rodrigo Ferrarini . 
É o mesmo elenco que integrou a premida montagem “Vida”, com a qual a companhia venceu prêmios como o “Bravo! Bradesco Prime”, de melhor espetáculo do ano em 2010, cinco prêmios Gralha Azul e ainda foi indicada para três categorias do Prêmio Shell de São Paulo. 

ENREDO E TRAJETÓRIA

 Em “Isso te interessa?”, a companhia cria uma espécie de inventário sobre a vida de uma família. O texto, adaptado por Marcio Abreu e Giovana Soar, traz como matéria prima o relacionamento entre pai, mãe, filho, filha, netos e cachorros. Estimulados por um fluxo de narrativa que permeia todo o texto – uma das características do grupo teatral – estes personagens conversam, discutem, interrogam, se provocam. 
“A peça aborda quatro gerações da mesma família. É uma espécie de saga familiar cotidiana, em que o tempo, na forma e no conteúdo, é um dos principais assuntos”, conta o diretor, Marcio Abreu. Numa trajetória desenfreada, brinca com tempo, espaço e narrativa. No afiado jogo teatral, são discutidos temas como o amor, relações humanas, cotidiano e a forma como as pessoas se relacionam com quem as cerca e seu meio. A peça segue a linha de trabalho desenvolvida pela companhia a cada montagem. Uma das características é na atenção especial à potência da palavra, como estímulo à imaginação do espectador e sua participação no evento artístico. Com esta montagem, a companhia continua também no trabalho que intercala, a cada montagem, criação de dramaturgia própria com a aproximação a novos autores e textos contemporâneos.  

Ficha Técnica

Texto: Noelle Renaude
Tradução e adaptação: Giovana Soar e Marcio Abreu
Direção: Marcio Abreu
Assistente de Direção: Cassia Damasceno
Elenco: Giovana Soar, Nadja Naira, Ranieri Gonzalez e Rodrigo Ferrarini 
Cenário: Fernando Marés
Figurino: Ranieri Gonzalez
Iluminação: Nadja Naira
Sonoplastia: Moa Leal e Marcio Abreu  
Direção de Produção: Cassia Damasceno
Produção Executiva: Nina Ribas 
Criação e Realização companhia brasileira de teatro

Rodrigo Ferrarini, Ranieri Gonzales, Nadja Naira e Giovana Soar
Isso te interessa? (foto Elenize Dezgeniski)

Teatro Novelas Curitibanas  
Rua Pres. Carlos Cavalcanti, 1222  
Informações 3321-3358

de 15 de setembro a 16 de outubro de 2011
de quinta a domingo às 20h
entrada franca - o ingresso deve ser retirado com antecedência de 01 hora.


OFICINA I PRÁTICAS de TEATRO CONTEMPORANEO I com GIOVANA SOAR

Esta oficina parte do estudo de alguns exemplos de escrita de teatro contemporâneo,
e do repertório da companhia brasileira de teatro.
A partir de sua análise tenta compreender seus desdobramentos na cena e no ator.
Para uma nova escrita é necessário um novo ator e uma nova visão sobre o espaço
do teatro, no seu mais amplo sentido.
Oficina pratica e teórica.

dias 28 e 29 de setembro das 14h as 18h
local: Teatro Novelas Curitibanas

vagas para 20 pessoas - gratuita
público atores e estudantes de teatro
inscrição até 21 de setembro de 2011
enviar carta de intenção e breve currículo para contato@companhiabrasileira.art.br

www.companhiabrasileira.art.br

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Depois do término da leitura de "Catatau", de Paulo Leminski

Acabei de ler o "Catatau" de Paulo Leminski. Foi uma leitura sem pressa e que fiz em 43 dias. Lia várias páginas seguidas, horas seguidas. Depois o livro ficava lá me esperando. Eu lia uma ou duas páginas. E ele voltava a ficar ao meu lado. Algumas vezes acima do livro "Sobre a Literatura", do Umberto Eco (esse livro tenho lido, lido, relido e relido sempre desde meados de 2010 quando o comprei por 9,90 reais na tradicional liquidação das Livrarias Curitiba). Outras vezes o "Catatau" ficava abaixo dos ensaios do Umberto Eco. Alternaram posições. Um por cima, o outro por baixo. Trocavam de posição. Um por baixo, outro por cima. Um jogo. Uma provocação. Um me chamava para ser lido. E eu respondia ao outro que não pedira para ser lido naquele momento. Um ia para a cama comigo. O outro, no escritório, esperava. Nenhum reclamava. Os dois apenas sabiam esperar.

Agorinha mesmo, ao sentar-me à frente do monitor do meu computador, enquanto minha mão apertava o botão de "power" do estabilizador de voltagem, depois, do "power" do computador antigo e returbinado recentemente, veio uma frase. Dessas que aparecem inteiras, sem nos fazer refletir nada mais. Apenas veio, assim:

"Que ecos de Umberto ecoaram no oco de Leminski? Occam xangô? Poeta do axé? Bashô tropical embananado pela bebedeira de besteiras escondidas em garrafas de náufragos?"

Depois da frase, como faço de vez em quando quando termino de ler um livro que me impressionou mais - os livros sempre me impressionam, em graus diferentes, claro! - anotei no espaço já não mais em branco daquela página 208:

"Terminei a leitura às 8h10 do dia 7 de setembro de 2011. Dia típico de Curitiba. Faz frio - pouco - e chove bastante. Céu cinzento e ideias tão coloridas surgem no horizonte".

E assinei em baixo.

Algumas reflexões sobre o fato do "Catatau" ter convivido com "Sobre a literatura" em cima de minha mesa, minha escrivaninha, meu depósito de sonhos, de ideias e da poeira que incomoda só a minha companheira.

Quando pensei em escrever "O dia em que morreu Leminski", minha peça de teatro que teve leitura - pra lá de simbólica - no auditório Paul Garfunkel da Biblioteca Pública do Paraná, no dia 24 de agosto de 2011, data em que Paulo Leminski poderia estar comemorando 67 anos, minha escrita foi bastante inspirada numa frase que Umberto Eco colocou no livro referido acima: "a coisa mais importante é que os livros falam entre si".

Foi o que eu fiz, os livros dialogando, brigando, se enfrentando, estabelecendo trocas, proporcionando descobertas mútuas, fazendo revelações, provocando-se no contato capa-a-capa nas prateleiras de uma estante. E os livros, na condição de personagens, se enfrentam mesmo e tentam colocar para fora mais que sentimentos, mais que palavras, mais que dúvidas. Colocam para fora a certeza de que, dia mais, dia menos, farão de seus autores futuros personagens. Nos personagens, mais que uma só voz. Serão múltiplas vozes. Uma que nasce da outra. Certezas ou dúvidas? O poeta vai virar poesia. Vai? O escritor vai se transformar em personagem. Pode? O autor vai virar livro. Quem sabe? Quem acaba de desaparecer, não vai demorar muito e será objeto de estudo, de dissertações, de teses. Será? Será livro ou inspiração para um livro, um romance, uma poesia, uma peça de teatro. Foi mesmo? O que veio, veio. Está aí. Ponto final.

E o que diz, em "Catatau", aquele Cartesio, o Descartes com sua lente que tem o poder de invadir e de inverter imagens? De criar novas perspectivas, frustrando expectativas. O que ele diz, como Leminski disse:

"Todo esse esforço em me tornar puro espírito, e agora vêm os especialistas dizer que não resisto ao próximo espetáculo. Queimo tudo isso aí, teimo em ficar irreconhecível. Quem me busca entre as cinzas de mim?"

É um pouco disso, desse espírito de Cartesio-Leminski que Demétrio Trindade (meu personagem em "O dia em que morreu Leminski") tem e põe para fora. Ele diz:

"(...) Se quiser sendo o que sou, poderei ser muito mais e um pouco além daquela poeirinha que está naquela prateleira vazia. (...) Daqui a pouco serei levado por alguém para outro lugar. E que lugar é esse para onde querem e vão me levar e que não me explicam o real motivo nem a razão disso ser mesmo necessário. O que querem de mim vocês que me esperam?"

Leminski pergunta: "Quem me busca entre as cinzas de mim?".

Demétrio responde: "Se quiser sendo o que sou, poderei ser muito mais e um pouco além daquela poeirinha que está naquela prateleira vazia".

Cinza é vestígio. É o que foi. É pó. É poeira. É consciência que vai virar alguma coisa que depois vai virar de novo consciência e que consciente ou não vai virar de novo pó, poeira, cinza. Será o que foi. Foi o que poderá vir a ser. Sei lá. Pode mesmo? Isto não termina, recomeça sempre. Termina para recomeçar. Começa para ter um infinito fim.

E de novo, no diálogo que nunca existiu entre Leminski e personagens que nasceram depois de seu desaparecimento, há um diálogo permanente entre o Leminski que sempre foi e que sempre vai existir e que, nas palavras de Umberto Eco, naquele livro que tem me acompanhado ultimamente, traduz um sentimento que está em Leminski, como pó, como vestígio, como poeira, como cinza. Sobretudo como partícula inspiradora, semente de vida, e que somente numa outra vida poderia asseverar com tamanha propriedade e eficácia:

"Infeliz e desesperado aquele que não sabe se dirigir a um leitor futuro".

Aos leitores do futuro, uma resposta. Mas as necessárias novas perguntas.

Respostas quem as tiver que pense melhor. Melhor é só perguntar.

"O que querem de mim vocês que me esperam?"

terça-feira, 6 de setembro de 2011

"O Homem do Banco Branco e a Amoreira" no Teatro Regina Vogue


Cena de "O Homem do Banco Branco e a Amoreira" - Léo Moita (foto de Daneil Protzener)
A "Minha Nossa Cia. de Teatro" apresenta "O Homem do Banco Branco e a Amoreira" no Teatro Regina Vogue - Shopping  Estação, nos dias 10, 11, 17 e 18 de setembro de 2011, às 16 horas. Os ingressos custam R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia). Estudantes da FAP pagam R$ 5,00.

A montagem, com texto de Léo Moita, tem direção de Talita Neves e no elenco estão o próprio Léo Moita e Fernanda Perondi. O cenário é de Varlei Janei e a iluminação e maquiagem de Raul Freitas.

No site do FETO - Festival Estudantil de Teatro, de Belo Horizonte (MG), foi publicada a seguinte informação sobre "O Homem do Banco Branco e a Amoreira":

"Vinda da cidade de Curitiba, a Minha Nossa Cia de Teatro trouxe para o palco do FETO uma nova noção de espetáculo infantil. Baseado em uma história simples de um homem que diariamente visita uma AMOReira a procura de seu grande amor, o espetáculo primou por conceitos diferenciados de cenário, figurino a base de cores branca e azul. A iluminação, o grande achado do espetáculo vislumbra inúmeras possibilidades para a amoreira, para as brincadeiras infantis e para o caminho que estes percorrem na trama.
Antes do início do espetáculo, o teatro Isabela Hendrix já estava tomado por aquela atmosfera fantástica conseguida pela máquina de fumaça e por uma árvore, a amoreira, construída por tecidos e nós, uma árvore incomum, talvez um amor diferente do que conhecemos.
O grupo se apresentou pela primeira vez para uma plateia majoritariamente de crianças, o que deu um retorno muito interessante para a companhia. De forma simples e doce, o conceito de amor é utilizado em sentido universal, sem fragilizar a trama.   [Não cruze os braços, isso me aperta o coração]. Alguns elementos dentro das cenas metaforizaram sentimentos que o espetáculo coloca como a amoreira, o suspiro, a viagem.
Em análise do espetáculo, o Minha Nossa Cia de Teatro nos contou sobre a construção do espetáculo, que aconteceu boa parte graças a conversas e reflexões na república onde moram. O espetáculo dá saudade e ternura por um tempo que não chegou e foi-se como um suspiro."

Nos links abaixo, informações e comentários sobre o espetáculo




Fernanda Perondi e Léo Moita (foto de Aryella Lira)


Setembro, uma peça de teatro que reflete sobre aquele dia 11 de setembro de 2001

Os alunos da 8a fase do Curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Catarina, apresentam nos dias 9 a 25 de setembro 2011, de sexta a domingo às 20h, no Teatro da UFSC, uma das primeiras grandes montagens do curso, que forma sua primeira turma no final deste ano.
Com direção de Fabio Salvatti, co-direção de Gerson Praxedes, direção de arte de Luiz Fernando Pereira, e uma equipe de 21 alunos, o espetáculo encena um olhar sobre a experiência humana nestes dez anos que nos separam dos eventos do dia 11, a partir da percepção de que os atentados do dia 11 de Setembro inauguraram um novo sistema geopolítico no século XXI. A Guerra contra o Terror que se seguiu a partir daí tem pautado as relações interpessoais, internacionais e interculturais dos indivíduos e nações.
Campanhas de delação afixadas em cartazes nos principais centros urbanos dos países desenvolvidos, flagrantes abusos contra os direitos humanos, intolerância religiosa, disseminação da xenofobia: o mundo deste novo milênio está, decididamente, marcado pelas cicatrizes de um conflito biopolítico.
“A discussão que propomos não pretende ser dogmática ou fundamentada em uma tese a ser defendida, mas, antes, oferecer um campo sensível de reflexões atravessado por memórias individuais e políticas”, sublinha Salvatti.
Cena de "Setembro" - foto de Larissa Novak
Vídeo com imagens do atentado e depoimentos dos alunos sobre o que estavam fazendo no dia 11 de setembro de 2001:
http://youtu.be/fFNhUWNT6No

Vídeo com o relato do professor de Direção Teatral, Fabio Salvatti, sobre o processo criativo da montagem:
http://youtu.be/-ZuHWnqIO3A

Vídeo-clip da apresentação em São Paulo:
http://youtu.be/gUacoxPpg0M

Fotos do espetáculo, em apresentação na Mostra Universitária da Cia Elevador de Teatro Panorâmico em São Paulo:
http://www.flickr.com/photos/artescenicasufsc/sets/72157627595252226

Release expandido no site da Agência de Comunicação da UFSC:
http://noticias.ufsc.br/2011/06/28/curso-de-artes-cenicas-leva-reflexao-sobre-o-11-de-setembro-para-o-teatro/




Depois desta temporada, a peça será apresentada nos Campi da Universidade em Santa Catarina.

Patricia Zangaro participa do "Dramaturgies en Dialogue" no Canadá

Site do evento no Canadá e Patricia Zangaro (no detalhe)
A professora e autora argentina Patricia Zangaro, da qual já traduzi seis textos - três peças curtas e três longas - e outra que ela produziu a quatro mãos com a uruguaia Adriana Genta (A cumplicidade da inocência) está participando, em Montreal, no Canadá, do evento "Dramaturgies en Dialogue".

Na programação do evento - ver aqui, no link - acontecerá, no próximo dia 11 de setembro de 2011, a leitura de trechos de três obras de Patricia Zangaro (uma delas, TANGO, que traduzi), dentro da série "Teatro da Memória". A direção da leitura, que também terá leitura de trechos de duas obras do autor argentino Alejandro Tantanian, será de Catherine Vidal, com Enrica Boucher, Denis Gravereaux, Louise Laprade, Louis-Oliver Mauffette, Sylvie de Morais e Daniel Parent.



A cidade, de Martin Crimp, amanhã no Teatro José Maria Santos

No Teatro José Maria Santos, de 7 a 18 de setembro, às 20 horas

Lilyan de Souza, Márcio Mattana, Ana Carolina Lisboa e Letícia Guazzelli
(colagem de fotos de Maia Piva)
Um desespero silencioso acompanhado de uma série de pequenas insatisfações. É assim que o dramaturgo inglês Martin Crimp define a vida urbana em sua peça “A Cidade”, que inicia temporada no Teatro José Maria Santos no próximo dia 7. As personagens – o casal Clair e Christopher, a filha deles e a vizinha – vivem dramas diversos, cada um revelando um pouco dos pesadelos da vida cotidiana nas cidades.

O espetáculo é uma produção da Inominável Companhia de Teatro e fica em cartaz até o dia 18 de setembro. A tradução é de Francisco Innocêncio e a direção de Márcio Mattana.

Criada em 2010, a Inominável Companhia de Teatro surgiu de uma reunião de artistas que tem como foco de seu trabalho a pesquisa e montagem de dramaturgia contemporânea, dedicando-se principalmente à encenação de textos dramatúrgicos inéditos no Brasil. A pesquisa estética da companhia centra-se nas relações entre as poéticas dramáticas da contemporaneidade e o trabalho do ator. A Inominável companhia de teatro é formada pela atriz e produtora Lilyan de Souza, a atriz e diretora Letícia Guazzelli e o dramaturgo e pesquisador Marcelo Bourscheid. A estreia nacional de A Cidade (The City), de Martin Crimp, realizada em parceria com o diretor Márcio Mattana, é o primeiro projeto da companhia.


Sinopse

Clair quer ser beijada, mas não quando faz calor. Christopher consegue um emprego e, para comemorar, quer colocar todos num carro e pegar a rodovia na contramão. Jenny sofre com os seus sapatos e não sabe por que os está calçando. Sob a superfície dos pequenos dramas de uma tradutora, um marido, uma filha e uma vizinha, Martin Crimp cria um enigmático jogo em que os piores pesadelos da vida cotidiana são sutilmente sugeridos, mas jamais chegam a ser completamente revelados.

Martin Crimp

Considerado um dos mais brilhantes autores teatrais britânicos surgidos nos anos 80, Martin Crimp é um sujeito recluso, dono de diálogos ácidos que expõem uma visão seca e crua das relações humanas em tempos de pós-modernidade. Enxerga a sociedade como o lugar da "decadência social, de acordos morais tácitos e de uma violência pouco suprimida", diz o crítico Alex Sierz. Em suas mais de 16 peças, não há espaço para relacionamentos amorosos ou diversão. Formado na St Catharine's College, a mesma onde estudou Tom Stoppard, Crimp passou a ser apontado como o dramaturgo mais inovador da sua geração após a estreia de "Tentativas contra a vida dela" no Royal Court Theatre, em 1997. Traduzida para mais de 20 idiomas, seu texto mais corajoso e inovador chega ao ao Sérgio Porto pelas mãos do diretor Felipe Vidal, que planeja para o ano que vem mais dois textos do autor, "O campo" (The Country) e "A cidade" (The City). (do jornal O GLOBO - ver link abaixo)


Leiam entrevista de Martin Crimp ao jornal O GLOBO - edição de 21 de agosto de 2010, neste link.


Mais sobre A CIDADE, veja neste link.

SERVIÇO

A CIDADE (The City)
de Martin Crimp.

Com Lilyan de Souza, Márcio Mattana, Letícia Guazzelli e Ana Carolina Lisboa.

Tradução: Francisco Innocêncio.
Dramaturgistas: Marcelo Bourscheid e Ana Peixoto.
Trilha e preparação para piano: Grace Torres.
Design gráfico e iluminação: Lucas Mattana.
Cenografia e figurinos: Paulo Vinícius.

Direção de Márcio Mattana.
Realização da Inominável Companhia de Teatro.

Teatro José Maria Santos
7 a 18 de setembro de 2011
(de quarta a domingo)
20h

domingo, 4 de setembro de 2011

Demétrio, um nome que se liga a uma famosa biblioteca

Felipe Custódio no monólogo inicial do personagem Demétrio Trindade
Enviei um e-mail ao diretor, atores e algumas pessoas que acompanharam a leitura dramática do meu texto O DIA EM QUE MORREU LEMINSKI no dia 24 de agosto de 2001, no auditório da Biblioteca Pública do Paraná.

Colegas, 

Reli esta manhã um dos ensaios de Umberto Eco no seu livro "Sobre a Literatura". No ensaio "Sobre o Símbolo" - na página 136, Umberto Eco destaca: "No mundo clássico e medieval entendiam, ao contrário, ´símbolo´ e ´alegoria´ como sinônimos. Os exemplos vão de Fílon a gramáticos como Demétrio, (...)"

Fiquei curioso e fui procurar quem foi este Demetrio, o gramático. E encontrei no Wikipédia.

Demétrio de Faleros foi um orador grego que organizou a primeira coleção de fábulas de Esopo. Depois fugiu para o Egito e, lá, fundou a Biblioteca de Alexandria. Ele foi bem mais que estas poucas palavras.

Quando coloquei o nome de Demétrio no personagem do meu texto O DIA EM QUE MORREU LEMINSKI, eu havia escolhido esse nome por ser uma referência à deusa DEMETER - da agricultura - (plantar sementes agora para ter uma boa colheita depois), pelo nome terminar com TRIO (são três os personagens), mas não sabia que Demétrio havia sido, na Grécia antiga, um orador, um escritor, um colecionador de textos e, depois, no Egito, quem fundou a Biblioteca de Alexandria, três séculos antes de Cristo e, depois, destruída por um incêndio casual.

Então, assim, Demétrio tem mesmo tudo a ver com personagem do meu texto. Sempre rodeado por livros e pelos perigos que nele estão escondidos. Por revelações, muitas vezes, surpreendentes.

Creio que vale a pena ver a relação entre os nomes dos personagens e as personalidades, seus caráteres pessoais, o arco dramático que Demétrio Trindade, Marcelo Antero e Lílian Pedrozo percorrem no meu texto. Vejam referências diretas dos nomes dos personagens na parte final do programa/texto que publiquei e entreguei no dia da leitura.

Leiam sobre Demétrio de Faleros no link abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Dem%C3%A9trio_de_Faleros

Outro detalhe: Antero de Quental, autor português, era um dos autores favoritos de Paulo Leminski.

E eu não sabia. Fiquei sabendo depois.

Descubram mais sobre os personagens do meu texto no próprio texto e desvendem alguns mistérios que possam estar nele escondidos.

Não estou sugerindo que apenas leiam, de novo o texto, mas que encontrem os diálogos que estão escondidos dentro do texto, em especial, nos longos monólogos de Demétrio. Este que vai virar livro. Inspirado, mesmo sem eu saber, num Demétrio que colecionou fábulas (as famosas fábulas de Esopo) e fundou a mais famosa biblioteca da Antiguidade, a Biblioteca de Alexandria, no Egito.