quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Descaracterizando uns personagens reais

Alexandre França

Cléber Braga

Pretto Galiotto

Marcos Damaceno

Andrew Knoll

Roberto Alvim


Andei descaracterizando alguns personagens reais, fazendo caricaturas digitais deles. Tudo começou com a brincadeira que fiz com Samuel Beckett, desaparecido há 20 anos. Claro, esse não pode reclamar, mas os outros três que apresento acima, podem, sim. Sintam-se à vontade para reclamar.

Aquela palavrinha de cinco letras...

Dario Fo no livro "Manual Mínimo do Ator", com seus escritos organizados por Franca Rame (Senac-SP-Editora), dá uma possível origem para a expressão "Merda!" utilizada como forma de desejar boa sorte entre os atores. Fo apresenta sua versão dentro do capítulo em que trata da origem, do surgimento do Arlecchino, o que conhecemos por Arlequim e que teve sua primeira aparição registrada no século XVI, em Paris, na companhia italiana dos Raccolti, da Commedia Dell´Arte. O primeiro ator a utilizar a márcara de Arlecchino foi Tristano Martinelli, um nativo de Mântua.
Informa Dario Fo: "...Durante um diálogo amoroso entre um cavalheiro e sua dama, Martinelli abaixava as calças e começava a defecar, tranquilo e beato em pleno proscênio. Em seguida, recolhia o resultado de seu esforço (era a maioria das vezes um doce de castanhas ainda tépido), atirando-o, a mãos-cheias, sobre o público, urrando entre grandes gargalhadas: ´Traz sorte!... Aproveitem!´. Acredito que nasceu daí a expressão francesa Merde!, para desejar ´boa sorte´entre os atores. (...)" (páginas 81 e 82)


Em 2010...



Aos colegas, minha mensagem
para os novos desafios
do ano que está chegando...

Felicidades

Rogério Viana

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Hoje, 20 anos sem Samuel Beckett

Samuel Beckett em caricatura digital de Rogério Viana

Samuel Beckett (Dublin, 13 de abril de 1906Paris, 22 de dezembro de 1989) foi um dramaturgo e escritor irlandês. Recebeu o Nobel de Literatura de 1969. Utiliza em suas obras, traduzidas em mais de trinta línguas, uma riqueza metafórica imensa, privilegiando uma visão pessimista acerca do fenômeno humano. É considerado um dos principais autores do denominado teatro do absurdo. Sua obra mais famosa no Brasil é a peça Esperando Godot.

Hoje comemora-se os 20 anos da morte de Beckett que foi sepultado em Paris no Cemitério de Montparnasse.


E ainda escutava esse sopro ao longe, há muito tempo calado e que ouço afinal, que aprenderia outras coisas ainda, sobre esse assunto. Mas não o escutarei mais, por enquanto, pois não gosto dele, desse sopro ao longe, e até o temo. Mas é um som que não é como os outros, que você escuta, quando bem quer, e que muitas vezes pode fazer calar, se afastando ou tapando as orelhas, mas é um som que se põe a farfalhar na sua cabeça, não se sabe como, nem por quê. É com a cabeça que você o ouve, as orelhas não têm nada com isso, e não se pode detê-lo, mas ele se detém sozinho, quando quer. Logo, escutá-lo ou não, isto não tem importância, eu o ouvirei sempre, a trovoada não vai poder me libertar, até que ele cesse. Mas nada me obriga a falar dele, na hora em que não é o caso para mim. E não é o caso para mim, agora. Não, o meu caso agora é acabar com essa história de lua que ficou inacabada, eu mesmo sei disso. E se vou acabar com ela menos bem do que se estivesse em todo meu juízo, acabarei assim mesmo, o melhor que puder, pelo menos acredito que sim.

(Trecho de Molloy - Samuel Beckett - tradução de Ana Helena Souza - Globo)

Leia a Resenha de Jonas Lopes sobre MOLLOY no site do jornal de literatura RASCUNHO em:

http://rascunho.rpc.com.br/index.php?ras=secao.php&modelo=2&secao=25&lista=0&subsecao=0&ordem=1821

Mais sobre Samuel Beckett - O Falso Pessimista, de José Castello:

http://rascunho.rpc.com.br/index.php?ras=secao.php&modelo=2&secao=3&lista=0&subsecao=11&ordem=2269


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Esperando... Beckett

Samuel Beckett

Já que vivemos um tempo de esperas. De visitas anunciadas, de outras que prometem trazer surpresas (não da visita, mas do resultado dela), de esperança, de certezas do óbvio, de incertezas do que está claro, pensar em Beckett é um alento. Então nós, áulicos e sequazes, membros de uma trupe ainda não formada - no sentido mais amplo do termo - estamos esperando alguma coisa, um Godot que não se personaliza e nos faz olhar para uma última folha que cai, não verde, não amarelada ou escurecida pelo tempo, mas branca, imensa, a nos desafiar a imaginação e a por o coração a andar em outra cadência, entre a ameça de quase parar e a de disparar um insano e incontrolável tempo. Estamos habituados ao emaranhado que nos paralisa. Esperar faz parte de um jogo que não tem regras definidas nem se define real ou imaginário.

Enquanto esperamos, não Godot, mas alguém mais desafiador e frustrante que ele próprio, que tal conhecer um pouco mais de um tal Samuel Beckett?

A edição 142 da revista CULT traz uma matéria (Dossiê) sobre Samuel Beckett . O texto pode ser acessado na versão digital da revista, na parte inferior da página


Também pode ser lido, diretamente, no link onde os diretores Rubens Rusche e Gerald Thomas comentam sobre a obra de Beckett.


Sobre a importância de Beckett para a história do teatro, Rubens Rusche respondeu:

Rubens Rusche - A partir de 1953, com a encenação de Esperando Godotem Paris, com direção de Roger Blin, tem-se o nascimento de um tipo de teatro radicalmente novo, o surgimento de uma nova escrita cênica. Isso se torna mais evidente com as encenações de Fim de Jogo, em 1957;A Última Gravação, em 1959; e Oh, que Belos Dias, em 1961.
Percebe-se aí uma constante, e cada vez mais radical, redução das dimensões espaciais do drama e de seus elementos básicos, ao lado de uma ruptura com a estrutura linear da ação, que passa a ser moldada de forma circular. O uso do palco vazio ou de aposentos sem mobília aponta para um retorno consciente ao teatro como teatro, em que cada gesto e palavra tornam-se agora importantes, com referências aqui e ali ao próprio palco, à plateia e aos elementos internos de uma peça. Nenhuma tentativa é feita no sentido de criar uma ilusão da realidade: a peça não é mais sobre alguma coisa, mas sim a própria coisa, um mundo que reflete a si mesmo.

A importância de Beckett para a modernidade é assim tratada por Gerald Thomas:

Gerald Thomas - Beckett é o mais importante dramaturgo do século 20. Não há ninguém que chegue perto. É um tremendo erro categorizá-lo de "teatro do absurdo" (como fez Martin Esslin). Não há ninguém que tenha criado uma marca própria, com personagens, linguagens e estilos próprios, como Beckett.

Amanhã, dia 22 de dezembro de 2009, comemora-se os 20 anos da morte de Samuel Beckett.

A biografia de Beckett pode ser lida neste link: