quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Uma certa maçã mordida


Como provocação e homenagem, numa tentativa de haikai em duas versões:

meu mundo ficou
maior depois daquela
maçã mordida


o mundo ficou
menor depois daquela
maçã mordida

(à memória do Steve Jobs)

Eu mordi a tal maçã em 92 quando editei umas das primeiras revistas brasileiras inteiramente num Macintosh e que era só de coisas boas, deliciosas e que engordam muito: "Gelados & Doces", na cidade de São Carlos. Todo o trabalho foi feito na Takano, a empresa paulistana que produzia, à época, os fotolitos para grandes editoras e gráficas e que iniciava um trabalho com edição de publicações exclusivamente de forma digital. E a melhor plataforma era aquele revolucionário Mac. Desde, então, fiquei Macmaniac!

Depois, em 94, comprei três Macintosh e editei outras tantas revistas na cidade de Piracicaba.

--- minutos depois do post acima ---

Publiquei o texto acima e, minutos depois minha mulher pediu-me que eu lesse, para ela, algum texto da Bíblia que eu ganhara nesta terça-feira, da nossa amiga Carmem Villaça de Veron.

Foi assim que abri o zíper do pequeno exemplar da Bíblia e folheei aleatoriamente suas páginas e, deixei que me dedo apontasse para uma de suas páginas.

Fiquei muito surpreso com a primeira palavra que li: macieira.

E então eu li o versículo inteiro (Cântico dos Cânticos - 2:3):

Como a macieira entre as árvores
da floresta,
assim é o meu amado
entre os outros homens.

Pois é, como explicar isso?

O amor de Salomão, a beleza dos seus cânticos, tem, nesta dimensão planetária de uma nova forma de comunicação entre os homens, a presença de Jobs, aquela infindável e inesgotável "macieira", um dos mais amados "entre os outros homens".

Quem tiver uma resposta que, por favor, faça uma outra pergunta...

Rogério Viana, Curitiba - Paraná - Brasil - 6 de outubro de 2011 - às 11h03

domingo, 2 de outubro de 2011

Novo texto traduzido: "Caramelo de nova york", do venezuelano Juan Martins

Juan Martins em seu escritório em Maracay, Venezuela
Há uns dias fui contatado pelo professor de literatura, editor, crítico, autor e diretor de teatro da Venezuela, Juan Martins, através do grupo do Celcit, no Facebook. O premiado autor venezuelano se mostrou interessado pela minha provocação de que "o teatro e a dramaturgia brasileira não deveriam ficar de costas para o que acontece com montagens e a escritura de textos teatrais nos países da América Latina". Eu defendi a necessidade de estabelecermos um maior e mais contínuo intercâmbio com quem também faz teatro nos países de língua espanhola e que estão tão próximos de nós, no continente sul americano.

Juan Martins, que é professor de Literatura Latinoamericana na UPEL - Universidad Pedagógica Experimental Libertador, é filho de imigrantes portugueses (de São Miguel, Açores) e abriu para mim a possibilidade de trocarmos informações sobre o que ele escreve para e sobre teatro em Maracay, onde mora. Visitei três blogs que ele publica (informarei todos logo abaixo) e vi que poderíamos iniciar uma troca de informações e de olhares sobre teatro e dramaturgia.

Assim, pedi que ele me enviasse dois de seus textos para que eu pudesse traduzi-los para o português. Filho de portugueses que é, Juan conhece nossa língua e gostou da ideia de ver um dos seus textos traduzidos para o português brasileiro. Ele, então, enviou-me dois textos e em uma semana fiz a tradução de seu texto "Caramelo de nova york" (assim mesmo, escrito em letras minúsculas).

"Caramelo de nova york" recebeu, na Venezuela, em 2007, o prêmio "Bienal de Literatura Miguel Ramón Utrera". Vejam informações sobre o texto e o prêmio que ele recebeu no site "Resonancias Literarias" da Venezuela.

O texto de Juan Martins em síntese é o encontro de duas mulheres - Betty e Elisa - que vivem um melodramático desenlace em um vagão de metrô de Nova York. São seres alienados que agoniados pelas convenções sociais optam por confrontarem suas existências de uma maneira nada convencional.

Aqui, um pequeno trecho de "Caramelo de nova york":

(...)

Betty – Vou falar sobre a mulher. Preciso de silêncio.
Elisa – Ah...
Betty – As mulheres...
Elisa – Você e eu somos mulheres.
Betty – Não somos uma minoria.
Elisa – Eu sei. Olhe ao seu redor.
Betty – Representamos cinquenta e cinco por cento da humanidade.
Elisa – Sei...
Betty – Não somos uma minoria. Representamos a maioria. Temos nossos direitos...
Elisa – Sei...
Betty - ... A dar nossas opiniões. A sentir e realizar nossos sonhos. Não deixemos que façam por nós...
Elisa – Claro que não...
Betty – Nós fazemos a diferença... Não eles, os homens, o sistema.
Elisa – Sistema?
Betty – Existe uma pequena linha entre realizar e sentir o valor que nós mulheres temos para não deixar as coisas passarem. Não devemos ter vergonha de sermos mulheres.
Elisa – Explique, porque utiliza palavras que ninguém entende...
Betty – Falo muito sério.
Elisa – Eu também falo. Nenhuma mulher vai entender que está falando de um potente pênis, saboroso, elegante e quente que vai fazê-la sentir-se feliz.
Betty – Não é assim que quero falar de sexo nem de mulher...
Elisa – Ah... não! Veja Betty, nós mulheres queremos ser felizes. Por um instante. Com tanta falta de homens...
Betty – Está me interpretando mal...
Elisa – Não acredito, eu faço por bem. E digo bem do sexo.
(...)

Os blogs de Juan Martins: