sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Últimas atividades da Oficina de Dramaturgia em 2009

Oficina de Dramaturgia tem dois encontros com Roberto Alvim


Os dois últimos encontros de 2009 dentro da Oficina de Dramaturgia sob o comando de Roberto Alvim vão acontecer nos próximos dias 15 e 16 de dezembro. No dia 15, terça-feira, será dada continuidade na leitura e comentários sobre os exercícios que os participantes desenvolveram sob a temática da "transmigração de consciência" e "transmutação do sujeito". O encontro será no Teatro José Maria Santos. Já no dia 16, na sala de ensaios do Marcos Damaceno, serão apresentados os novos projetos que serão desenvolvidos a partir de 2010, no segundo ano de funcionamento da Oficina de Dramaturgia que é patrocinada pelo SESI PR dentro do seu Núcleo de Dramaturgia. Após a apresentação dos novos projetos vai acontecer uma confraternização, com "amigo secreto" - os presentes deverão ser livros sobre dramaturgia e teatro.

Inscritos para o Workshop com o Samir Yazbek

O autor e diretor de teatro Samir Yazbek participa, de 8 a 11 de dezembro, em Curitiba, de palestra e workshop sobre dramaturgia, em eventos promovidos pelo Núcleo de Dramaturgia patrocinado pelo SESI Paraná.

No dia 8 de dezembro, a partir das 20 horas, no Teatro José Maria Santos, Yazbek vai proferir a palestra “A Importância da Dramaturgia Hoje”, e deve focalizar a importância da dramaturgia num mundo em que os meios de comunicação de massa se expandem a cada dia. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas diretamente no site do Núcleo de Dramaturgia.

“Dramaturgia em Movimento” é o tema do workshop exclusivo aos integrantes da Oficina Permanente do Núcleo de Dramaturgia do SESI Paraná que Yazbek vai coordenar e onde vai apresentar o estudo de conceitos e as mais variadas correntes estéticas e ideológicas que culminam nas possibilidades de uma dramaturgia contemporânea. O workshop será apresentado no Teatro José Maria Santos, das 19 às 23 horas.

OS INSCRITOS

Relação dos inscritos para o Workshop com Samir Yazbek dias 9 a 11 de dezembro de 2009 no Teatro José Maria Santos:

1 - Alexandre França
2 - Angélica Rodrigues
3 - Bárbara Lia
4 - Cláudia Brito
5 - Cléber Braga
6 - Cynthia Becker
7 - Douglas Daronco
8 - Éberson Galiotto (Preto)
9 - J. D. Baggio
10 - Lígia Oliveira
11- Marcelo Bourscheid
12 - Max Reinert
13 - Otávio Linhares
14 - Patrícia Kamis
15 - Paulo Renato
16 - Paulo Zwolinski
17 - Rogério Viana

Os inscritos deverão efetivar a matrícula no Workshop e emitirem e imprimirem o boleto para pagamento da taxa de inscrição de R$ 12,00 através do link:


Haverá necessidade de ser preenchida, também, a matrícula para a palestra do dia 8 de dezembro, com o Samir Yazbek, e pode ser feita através do link (clicar sobre a notícia do evento, onde tem a foto do Yazbek)

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pequeno trecho de "Parent(es)is - Fábula para seis ou mais vozes"

Vai um pequeno trecho de "Parent(es)is - Fábula para seis ou mais vozes".

Vós – Nunca, isso nunca. Nunca eu sentei no
colo de ninguém para ganhar doce. Ou para
ganhar qualquer coisa difícil de se conseguir. O
que veio, veio por outro tipo de esforço.
Esforço-me muito para aprender. Dou a cara
para bater. Se caio, levanto. Caio de novo.
Sempre caio. Mas é tão bom quando a gente dá
a outra face. Mas eu imediatamente uso de força
desmedida e revido. Dou uma porrada! Que
coisa mais besta é essa de dar a cara para bater
dos dois lados! Bateu, levou! É meu lema. Se o
senhor der mais desconto eu levo quatro. Pode
embrulhar.

Eu – Naquela casa de praia. Não sei, mas foi
num destes feriados prolongados onde toda a
cidade vai para a praia. Todos foram. Começou
a aparecer gente, gente. Ele tocou a campainha.
Jamais eu imaginei que ele fosse aparecer, tanto
tempo depois. Mas apareceu. Tocou a
campainha. Trazia uma caixa. Claro, tinha mais
cerveja que roupa. Tinha mais vodca, que
comida. Mas tinha, também, mais cara de pau,
que vergonha. Ele não se envergonhava de
nenhuma das aprontadas que tinha feito comigo.
Mas, fazer o quê? Eu adorava o filho da puta!

Ele – Ah, não me venha com essa conversa
mole. Esta lenga-lenga! Eu sei doutora, eu sei
que a senhora está acostumada a tratar de
crianças remelentas. Mas não fale assim
comigo. Não sou criança e estou pagando o
valor da consulta integral. Não tem desconto?
Se não tem desconto, quero tratamento integral
de gente grande. Diga logo o que tenho e não
fique com frescuras, eufemismos. Mentiras.

Provocador acidental - Viver Bem - Gazeta do Povo

Marcos Damaceno no ensaio de "Árvores Abatidas"

Ele ganhou destaque na imprensa nacional este ano com a peça Árvores Abatidas, que ironiza nomes do teatro local. Mas o dramaturgo paulista Marcos Damaceno, radicado em Curitiba, diz que dificilmente se renderá aos apelos do sucesso.

(Viver Bem - Gazeta do Povo - Curitiba - 29 de novembro de 2009)

Veja a íntegra da matéria no link:

Parent(es)is - Fábula para seis ou mais vozes

Parent(es)is - Fábula para seis ou mais vozes


Nos três últimos encontros com o Roberto Alvim ele falou nas muitas instâncias de tempo e de espaço que um texto teatral pode ter. Citou o francês Armand Gatti, ele que foi o criador do termo "teatro de possibilidades". Alvim citou e pediu que todos lessem o texto de outro francês, o Michel Vinaver (A procura de emprego), e também os textos da inglesa Sarah Kane (Ânsia) e "Quarteto", do alemão Heiner Muller.

Nos textos dos autores citados (ele também citou Richard Maxwell), há uma narrativa fragmentada, muitas vezes ela vem em fluxo contínuo e o tempo e espaço não são lineares. Alguns personagens podem contar histórias - simultâneas ou não - de mais personagens. Nos textos pode aparecer o que se chama de "transmigração de consciências" e até a "transmutação do sujeito". Ele é ela, ela é ele. Eles são elas, pode ser que sim, pode ser que não. Alvim destacou que é "preciso ter fé na linguagem" e que "só através da palavra pode-se mudar o tempo e espaço".

Acho que concordei com ele. Tivemos que fazer um exercício em casa, depois, escrevemos um exercício no encontro de 24 de novembro, lá no Teatro José Maria Santos. O que escrevi em casa, para espanto dos meus colegas, decidi não apresentar naquela tarde. Fiquei ouvindo o que os colegas escreveram. Muitas vezes a gente aprende mais quando fecha os olhos e escuta do que quando lê de olhos bem abertos, mas com o espírito voando solto por aí.

A brincadeira dos colegas no momento em que eu declarava não ter "feito" o exercício, acabou provocando em mim o desejo, a vontade mesmo, de escrever algo novo, usando um pouco do que tenho ouvido como inspiração e não como plágio ou cópia. Passei alguns dias. Na manhã de sexta-feira, ao acordar, achei que podia utilizar como título (sempre começo meus trabalhos pelo título) o que agora apresento: Parent(es)is - Fábula para seis ou mais vozes.

Minha idéia era deixar vir alguma coisa onde houvesse a presença de familiares, pais, mães, irmãos, parentes, enfim. Mas, também, para que entre esses "parentes" pudessem aparecer alguns "bastardos", uns filhos da puta que sempre surgem para nos causar problemas ou, até, para nos darem muito prazer. Também, como o título possa sugerir, entre parêntesis, que a criação pode ser cruzada, não pela minha própria consciência, mas pelo que de inconsciente os personagens pudessem sugerir durante a escrita do texto. Deixei o parêntesis sempre em aberto. Como quis, deliberadamente, deixar um parêntesis entre os personagens que fossem aparecendo, ocasionalmente ou como os agentes de uma primeira voz, não dei nome a eles e pedi para que a gramática me ajudasse: assim, antes de ter Patrícia, Eliane, Douglas, Pagu, Roberto ou Rogério, eu utilizei EU, TU, ELE, NÓS, VÓS, ELES. Sim, não personagens, mas pronomes. Os que são singulares e os que são plurais.

Vou mostrar alguns trechos do novo texto nos "posts" que farei a seguir. Se puderem aguentar e ler e, quem sabe, comentarem, eu e as vozes pronominais agradeceremos muito.