quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ana, amanhã no teatro Londrina: as faces de uma rainha, amante, mulher


A história ficcional dos “momentos de morte” de Ana Bolena, rainha da Inglaterra executada, em 1536, por ordem de seu marido, Henrique VIII, será contada no monólogo “Ana”, adaptada, produzida, dirigida e interpretada por Márcia Mendonça que será apresentado na Sala Londrina, amanhã, dia 6,  sábado e domingo (dias 7 e 8 de abril), na programação do Fringe, no Festival de Curitiba. 

Acusada de adultério, incesto e bruxaria, Ana empreende uma viagem por sua pequena vida mergulhando nas profundezas de sua alma, imersa no medo do desconhecido que a espera. O último suspiro. A última palavra. O último pensamento. Não há tempo para frente. Não há mudanças para trás. Ser o “SER” que se constata a cada instante, que se desvenda que se quer, ou não, “SER”. Na eminência, no medo da morte, a resistência à inércia, a luta pelo pensar contra o instinto de desistir. A Bruxa? A Santa? Quem você poderá encontrar? 

“Ana” foi adaptada por Márcia Mendonça a partir do original “Ann”, de David Turner. A atriz e produtora dirigiu, entre 1997 e 2002, em São Paulo, a Cia. CincoINCena e retoma a cena, a pesquisa e, sobretudo, o estudo da integração entre as ciências humanas e todas as dimensões do Teatro. “Ana” é um relato humano sobre a morte, a vida e o feminino. 


Questões do “ser” e de ser mulher 


Ancestralidade, astros, arquétipos, complexos, educação, ambiente, cartadas da vida? Tudo isso junto? 

“Pode ser, porém, o fato é que muitas de nós temos facilmente nos deixado “coroar pelo animus”. Então nos figuramos das mais diversas formas para não enfrentar a difícil missão de não nos deixarmos dominar por ele. Vestimo-nos de mães, de amantes, de executivas, de militantes, de ecologistas, de naturalistas, de intelectuais, e tudo isso parece ser mais interessante e indiscutivelmente mais fácil de ser, do que ser Mulher. Estamos sempre insatisfeitas, pela metade, sempre está faltando uma parte de nós, ou em nós”, revela Márcia Mendonça. 

A produtora, que dirige e interpreta fala sobre o “ser” e ser mulher. Diz ela: “Talvez porque não haja ciência, nem tão pouca direção para isso. Somos multifacetadas, confusas, sentimentais, guerreiras, frágeis, resistentes, somos dialéticas, mesmo em momentos de aparente equilíbrio. Um vale a ser preenchido, um espaço oco que ressoa em nossa alma em forma de ilusão, mágoa e ansiedade, enquanto esperamos que nossa Mulher seja desvendada pelo outro”. 


Um presente na forma de descoberta 


A diretora conta que o desafio de produzir e interpretar Ana Bolena no monólogo “Ana” surgiu no ano passado quando ela completou 40 anos. E diz: 

“Este trabalho é um dos meus presentes de aniversário. Voltar a estudar é outro. Coisas que tem a ver com a metade da vida e a revisão que muitos de nós costumamos fazer neste momento. Afinal, para que jogar uma vida toda na mão de um só se somos muitos, e podemos vivê-los em ascensão, até minimamente nos aproximarmos de um rascunho de totalidade ou individuação?” 

Márcia Mendonça comenta que aceitou para si o desafio de buscar entender “esta misteriosa coisa que é a vida” e tentar descobrir no mistério “onde estaria a minha Mulher”? Para ela, de repente, o que antes era um orgulho, dizer que “eu era quase um homem passou-me causar angústia, vergonha e aprisionamento”. 

Foi assim que buscou o desafio de entender-se um pouco mais e viu na personagem histórica de Ana Bolena, a oportunidade de pesquisar a psique da rainha que foi decapitada, e transformar toda esta matéria prima em obra teatral. Isso, segundo comentou, a fez promover a descoberta de sua “própria Mulher, mais do que com o meu retorno ao Teatro, que é apenas um tentáculo de tudo isso”. 

Segundo Márcia Mendonça, “Ana Bolena, foi uma contraditória, pois bem, foi essencialmente Mulher. Viveu suas contradições plenamente. Uma mulher poderosa, num mundo de Homens. Ela teve sede como qualquer uma de nós e se perdeu. Mas, se há algo em comum entre todas nós, é que sede. E tomando a liberdade do plágio: - Você! Tem sede de que?” 

A história ficcional de Ana Bolena se dá, no palco, em três planos: Tomada de Consciência (Inconsciente), jornada ao self; Presente (véspera de sua morte na Torre de Londres) e o Passado (as lembranças). “Ana”, como conta a diretora e atriz, é o resultado de uma experiência de 18 anos de teatro, no palco, na direção, em pesquisas e estudos diversos. 

Ficha técnica 

Texto Original: David Turner
Tradução: Lhoyane Oliveira
Outras Traduções: Silvia M. Bellintani.
Adaptação Dramaturgia: Márcia Mendonça
Direção e Interpretação: Márcia Mendonça
Iluminação: Eduardo Albergaria
Designer Gráfico: David Galasse
Designer de som: Paulo Marquezini
Figurino: Márcia Mendonça e Maria Célia Matt
Cenografia: Márcia Mendonça
Apoio na produção local e assessoria de imprensa: Rogério Viana


Sala Londrina – Memorial de Curitiba

Dia 6 de abril, às 16h00; 7 de abril, às 19h00 e 8 de abril, às 16h00.

Disponho de alguns ingressos gratuitos. Os interessados poderão ligar para meu número 41 8803 7626 para reservar.
 

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