segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Esperando... Beckett

Samuel Beckett

Já que vivemos um tempo de esperas. De visitas anunciadas, de outras que prometem trazer surpresas (não da visita, mas do resultado dela), de esperança, de certezas do óbvio, de incertezas do que está claro, pensar em Beckett é um alento. Então nós, áulicos e sequazes, membros de uma trupe ainda não formada - no sentido mais amplo do termo - estamos esperando alguma coisa, um Godot que não se personaliza e nos faz olhar para uma última folha que cai, não verde, não amarelada ou escurecida pelo tempo, mas branca, imensa, a nos desafiar a imaginação e a por o coração a andar em outra cadência, entre a ameça de quase parar e a de disparar um insano e incontrolável tempo. Estamos habituados ao emaranhado que nos paralisa. Esperar faz parte de um jogo que não tem regras definidas nem se define real ou imaginário.

Enquanto esperamos, não Godot, mas alguém mais desafiador e frustrante que ele próprio, que tal conhecer um pouco mais de um tal Samuel Beckett?

A edição 142 da revista CULT traz uma matéria (Dossiê) sobre Samuel Beckett . O texto pode ser acessado na versão digital da revista, na parte inferior da página


Também pode ser lido, diretamente, no link onde os diretores Rubens Rusche e Gerald Thomas comentam sobre a obra de Beckett.


Sobre a importância de Beckett para a história do teatro, Rubens Rusche respondeu:

Rubens Rusche - A partir de 1953, com a encenação de Esperando Godotem Paris, com direção de Roger Blin, tem-se o nascimento de um tipo de teatro radicalmente novo, o surgimento de uma nova escrita cênica. Isso se torna mais evidente com as encenações de Fim de Jogo, em 1957;A Última Gravação, em 1959; e Oh, que Belos Dias, em 1961.
Percebe-se aí uma constante, e cada vez mais radical, redução das dimensões espaciais do drama e de seus elementos básicos, ao lado de uma ruptura com a estrutura linear da ação, que passa a ser moldada de forma circular. O uso do palco vazio ou de aposentos sem mobília aponta para um retorno consciente ao teatro como teatro, em que cada gesto e palavra tornam-se agora importantes, com referências aqui e ali ao próprio palco, à plateia e aos elementos internos de uma peça. Nenhuma tentativa é feita no sentido de criar uma ilusão da realidade: a peça não é mais sobre alguma coisa, mas sim a própria coisa, um mundo que reflete a si mesmo.

A importância de Beckett para a modernidade é assim tratada por Gerald Thomas:

Gerald Thomas - Beckett é o mais importante dramaturgo do século 20. Não há ninguém que chegue perto. É um tremendo erro categorizá-lo de "teatro do absurdo" (como fez Martin Esslin). Não há ninguém que tenha criado uma marca própria, com personagens, linguagens e estilos próprios, como Beckett.

Amanhã, dia 22 de dezembro de 2009, comemora-se os 20 anos da morte de Samuel Beckett.

A biografia de Beckett pode ser lida neste link:

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