sexta-feira, 30 de abril de 2010

Pela alegria do drible. Pela alegria de um gol.

Pela alegria de um menino,
pelo seu talento. Pela nossa alegria.

Daqui a 42 dias os olhos do mundo estarão voltados para os estádios da África do Sul. O coração do povo brasileiro, mais acelerado. Todas as atenções dirigidas para os jogos da Seleção Brasileira. Para os demais jogos da Copa do Mundo. Milhões de meninos, espalhados por todo o território nacional, mas em vários lugares do mundo, também, se ligarão no maior espetáculo esportivo da Terra. Centenas de milhares, quem sabe, milhões de meninos vão sonhar com a possibilidade de, um dia, vestirem o uniforme de um time de futebol, milhares deles vão conseguir vestir mesmo uma camisa de um time de futebol profissional, uns poucos vão conseguir virar grandes astros em seus times e poucos, poucos mesmo, serão escolhidos a integrarem a Seleção Nacional, no nosso caso, a gloriosa Seleção Canarinho.

Daqui a poucos dias alguém, com poder absoluto, vai apontar para um grupo de jogadores e indicará você vai, você vai, você vai... e para outros, você, não, você, não, você, mais tarde, você, quem sabe...

Uma enorme euforia vai se instalar entre os escolhidos. Uma Copa do Mundo é motivo de euforia mesmo, não é? Até para quem só vê e assiste de longe, torcendo, sofrendo, torcendo, sofrendo... Mas será que, para muitos dos 23 escolhidos uma convocação para a Seleção Canarinho não será apenas e tão somente mais um evento internacional? Aqueles meninos que, um dia, foram guindados a um time profissional, depois passaram por seleções intermediárias, foram então, escolhidos para jogos amistosos, competições sul americanas, mais jogos amistosos importantes e em cenários mais importantes ainda e, finalmente, puderam vestir a camisa amarelinha num evento oficial da FIFA, será que hoje, com muito dinheiro ganho em salários, com contratos milionários de grandes patrocinadores, será que eles serão tomados pela mesma euforia, pela contagiante alegria do menino que foi pela primeira vez convidado a ser chamado de estrela e a mostrar em campo o seu talento?

Não sei. Não sei. Creio que uma seleção necessite da competência e da experiência de jogadores mais tarimbados. Mas creio, também, ser fundamental que uma seleção leve, mesmo que seja como contrapeso, um ou dois meninos de demonstrada habilidade e talento inequívoco no trato com a bola. E que esses meninos sonhem, não com a glória e o dinheiro farto que com certeza virá, mas com o prazer de todo menino de poder correr atrás da bola e, mesmo descalço, possa dar aquele seu drible desconcertante, invadir a área, deixar dois ou três zagueiros caídos, passar pelo goleiro com uma humilhante caneta e, chutar com delicadeza e maestria a bola para a rede. E sair feito um maluco, um verdadeiro maluco mesmo, gritando: Eu fiz um gol, eu fiz um gol...

Que os olhos da nação brasileira, nos próximos dias olhem para meninos que querem apenas correr atrás da bola e marcar gols. Pela alegria. Sim, pela alegria. Só pela alegria.

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