segunda-feira, 21 de junho de 2010

O que escrevi para o Enéas Lour

Enéas,

Achei pertinente e pontual sua colocação acerca do que os "novos" autores curitibanos falaram na matéria publicada no CADERNO G, da Gazeta do Povo, ontem. (ver post abaixo)

Principais representantes da "new caçarola" que o Damaceno conseguiu montar dentro do Núcleo de Dramaturgia patrocinado pelo SESI Paraná, Preto, Kamis, França e Zwolinski, a meu ver, reproduziram, em coro, quase de forma uníssona, o discurso do Alvim. E o que é muito triste é que "reproduzem", pois o Alvim não defende que "eles" adotem uma postura tão afinada no discurso e quase nada no efetivo trabalho dramatúrgico, que deve ser individual e singular, sempre. Alvim quer que cada um tenha o seu próprio discurso, "descubra sua própria voz", alcance a tal "singularidade". Alvim disse e tem repetido que prefere trocar a "qualidade pela singularidade". Para mim, singular é bem diferente de plural. E, neste caso, quando os quatro "novos" autores falam em conjunto com o mesmo tom de crítica e postura contra o "atual" teatro de Curitiba, deixam de lado a tal singularidade (a postura individual e única) para assumirem a pluralidade uníssona de um discurso que deseja ser hegemônico, eles fazem exatamente o contrário que o Alvim tem estimulado. Assumem-se iguais e perdem a beleza e a leveza de poderem ser únicos.

Um dos graves problemas dessa geração de "novos" autores é que eles se imaginam criadores de um estilo. E a partir de apenas um pequeno texto ou até mesmo de um fragmento de texto. Eles imaginam-se "modelos". Imaginam, também, serem seres iluminados pelos deuses do teatro, verdadeiros "escolhidos". O grande problema que eu vejo neles, infelizmente, é que pouco se dedicam para a arte da escrita - pois escrevem e escreveram muito pouco ou quase nada - e perdem muito tempo na arte de se formatarem através daquilo que as amebas são especialistas. É preciso dizer mais alguma coisa?

Parabéns pelo seu texto.

Vou refletir um pouco mais sobre os "iluminados e novos" autores. Depois vou escrever algum comentário.

Abraço

Rogério Viana

Um comentário:

  1. É, Rogério.
    Às vezes o "sol" da juventde é cegante, não é?
    Obrigado pelo apoio.
    Como diz o meu amigo Áldice Lopes: Vamos ver daqui a 35 anos o que foi que aconteceu com a "nova" dramaturgia do Paraná.
    Grande abraço
    Enéas Lour

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