terça-feira, 1 de junho de 2010

Obsceno Eu Público

Mauro Zanatta em "Obsceno Eu Público"

A montagem é um "teatro documentário"
(fotos divulgação)

O espetáculo "Obsceno Eu Público" traz para cena discursos que marcaram os anos 70, 80 e 90, mixando biografias de personagens e atores a histórias do Brasil. O ator, Mauro Zanatta, apresenta: “representantes” do povo, senhores da guerra, o embate entre o velho e o novo, o processo de “lobotomização” na alfabetização cultural das gerações dos “pequenos peleguinhos”, relações de amor, culpa e abandono na família. O espetáculo, dirigido por Giovana de Salles, conjuga falas de personagens com a biografia do próprio ator e com fotos de teatro de Valdir Silva. Neste espetáculo o “eu” do ator chama à cena o que geralmente ficaria nos bastidores. Com poesia e sátira confessa sua “crise de identidade” na política e na arte, comunicando o imaginário do teatro com o cotidiano vivido pela sociedade, tornando-se o “obsceno eu público.”

O espetáculo é uma produção da Ator Cômico e faz parte do projeto Desejo de Menestrel, contemplado com o Prêmio Funarte Myriam Muniz de Teatro 2009. O design sonoro é de Ary Giordani, o cenário é de Alfredo Gomes, a luz de Wagner Corrêa e os vídeos de Fábio Allon. No saguão do teatro haverá uma vídeo exposição com alguns artistas e contribuíram na pesquisa com suas experiências, além de fotos de Valdir Silva.

Quando e onde?

02 a 27 de junho 2010 | quarta a sábado 20h e domingo 19h

Teatro José Maria Santos (Rua Treze de Maio, 655)

Ingressos: 20 inteira e 10 estudantes, idosos, cartão teatro guaíra,
classe artística e alunos da escola do ator cômico


FICHA TÉCNICA

Direção: Giovana de Salles
Elenco: Mauro Zanatta
Pesquisadores: Camila Jorge e Gabriel Rachwal
Dramaturgia:Mauro Zanatta e Gabriel Rachwal
Fotografias Valdir Silva
Iluminação: Wagner Corrêa
Design Sonoro: Ary Giordani
Cenário Alfredo GomesItálico
Vídeos: Fábio Allon
Design Gráfico:Adriana Alegria
Direção de Produção: Edran Mariano
Realização: Ator Cômico Produções Artísticas

INFORMAÇÕES

Fone 3332-4361




PROJETO “DESEJO DE MENESTREL”

O PROJETO “DESEJO DE MENESTREL”, contemplado com o PRÊMIO FUNARTE DE TEATRO MYRIAM MUNIZ DE TEATRO 2009, consiste em uma pesquisa em busca de depoimentos de profissionais do teatro e de registros bibliográficos ligados ao universo do ator, que originou a montagem do espetáculo intitulado OBSCENO EU PÚBLICO. O ponto de partida são imagens do fotógrafo Valdir Silva, de peças realizadas em São Paulo, Rio de janeiro e Curitiba nas três décadas de 70, 80 e 90. São fotos de dezenas de atores em cena, de Bibi Ferreira a Guilherme Weber.

A pesquisa que originou o espetáculo OBSCENO EU PÚBLICO abrange temas, conceitos e comportamentos que marcaram o país e o teatro nas 3 décadas. Trata também do relato em vídeo de profissionais e professores de teatro que atuaram nesse período, como: Enio Carvalho, Beto Bruel, Ivanise Garcia, Christo Dikoff e Danilo Avelleda. Trata-se, enfim, de um olhar atento em direção à arte e seus desdobramentos nas relações profissionais, acontecimentos de seu tempo, atualizações de seus saberes e práticas.

Devido ao extenso material encontrado durante os três meses de pesquisa, intencionamos a criação de um projeto/documentário, com registro audiovisual do material encontrado.

PESQUISA

Giovana de Salles, diretora do espetáculo OBSCENO EU PÚBLICO, coordenou a pesquisa realizada pela Companhia do Ator Cômico e que é composta pelos seguintes integrantes:

MAURO ZANATTA: ator, professor e diretor de teatro. Fundador da Escola e da Companhia do Ator Cômico. Estudou na The Desmond Jones School of Mime and Phisical Theatre (UK) e na Scuola Internationale delle Atore Comico (Itália).

GIOVANA DE SALLES: diretora e performer. Formada pela Faculdade de Artes do Paraná - FAP. Atua na Companhia do Ator Cômico desde 2009.

GABRIEL RACHWAL: dramaturgista e formado em Letras (mestrando). Estudou na Escola do Ator Cômico. Atua na Companhia do Ator Cômico desde 2009.

CAMILA JORGE: atriz, clown e arte-educadora. Formada em Licenciatura pela Faculdade Artes do Paraná - FAP. Atua na Companhia do Ator Cômico desde 2008.

HIQUE VEIGA: ator, clown e advogado. Estudou na Escola do Ator Cômico. Atua na Companhia do Ator Cômico desde 2009.

EDRAN MARIANO: ator, clown e produtor. Formado pela Faculdade de Artes do Paraná – FAP. Atua na Companhia do Ator Cômico desde o ano de 2006.

OBSCENO EU PÚBLICO

Identificamos esta montagem como Teatro Documentário, uma vez que contaremos histórias da figura do ator e seu encontro com o teatro. Desse encontro, que acontece no presente, e das relações entre o tempo do ator e o tempo das histórias que ele conta, nasce o mote do espetáculo: a poética do ator. Que pensamos ser a capacidade de atualizar e potencializar acontecimentos, por vezes esquecidos, por vezes adormecidos ou desassociados e aparentemente sem relevância. A capacidade de acessar biografias que, de certo modo, não são considerados “históricas”, talvez por não ocuparem o “centro”, sendo apenas reverberações e ecos desarticulados, mas que podem ganhar importância e significados na voz, corpo e na própria (auto) biografia do ator.

SINOPSE

Nosso OBSCENO EU PÚBLICO atua fora e dentro da cena, às vezes é o ator, às vezes o público de momentos, de histórias reais e fictícias. Nosso OBSCENO EU PÚBLICO é o ator Mauro Zanatta, que estará no palco trazendo à cena o que ficou nos bastidores, na intimidade, no pano de fundo de quem viveu nas décadas de 1970, 1980 e 1990. O ator se apresenta sob inúmeras e contraditórias formas: inserido, alienado, guerrilheiro, pelego, engajado, povo, consciência, indivíduo, representante, coletividade, família, onça solitária, massa de manobra, protagonista, enfim. O espetáculo, dirigido por Giovana Salles, conjuga falas de dezenas de autores e a biografia do próprio MaItálicouro, que ao se relacionar com esses vários autores acaba confessando e criticando referências e modelos. O encontro de suas referências, seus modelos e sua memória produzem encontros e desencontros com o outro e com a coletividade. Ele vive a relação e a falta de relação entre o mundo e a sua arte. Ele precisa reagir para que sua arte tenha potência, se relacione com o presente. Sua magia pretende modificar e comunicar o imaginário com o cotidiano.

NOSSOS MENESTREIS

Valdir Silva, o fotógrafo, registrou mais de 60 décadas de Brasil. Iniciou no final dos anos 40 e início dos 50 fazendo fotos para túmulos, passou pelo politone (pintura de fotografias PB), pela rede Tupi na década de 70, pelo teatro paulista nos anos 70, 80 e início dos 90 (foi fotografo oficial por mais de 10 anos da Companhia Estável de Repertório - Antonio Fagundes). Porém foi obrigado a “fugir” de São Paulo quando teve o seu laboratório incendiado por um bando de matadores de aluguel (o bando do Jonas, com mais de 250 mortes nas costas), a partir de uma reportagem investigativa. Valdir abandonou seu sítio em Itapecerica da Serra e se refugiou em Curitiba, onde foi fotógrafo oficial do Teatro Guaíra, a convite de Oswaldo Loureiro, no final dos anos 90.

Mauro Zanatta, o ator e diretor, vem de uma geração pós-ditadura militar, iniciou em 1982 no teatro, como mímico, num período em que a arte “silenciosa” apresentava certo fascínio no cenário brasileiro e mundial. Quando descobriu o teatro, era estudante de Engenharia Mecânica da UFSC, e viu-se entre dois mundos aparentemente opostos: o fazer artístico e a militância estudantil. Viveu durante muitos anos transitando entre os dois universos, receoso por estar perdendo a humanidade ao vincular-se ao teatro profissional, mas embora tenha resistido, quando o fez, levou na bagagem a experiência da reflexão sobre “ator e personagem”.


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