sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A aguda contemporaneidade de Márcio Abreu

Márcio Abreu mostra outra vez sua aguda
contemporaneidade em uma Curitiba e suas idiossincrasias.
(foto Rogério Viana)
Envei ao Márcio Abreu o seguinte texto e sobre a estreia, ontem, de "Oxigênio", da Companhia Brasileira de Teatro.

Querido Márcio, 

Parabéns por mais um inspirado e belíssimo trabalho.

O samba não atrapalhou a estreia. Gostei muito da montagem. Atores, figurinos, cenário (surpreendente aquela rampa CWB-Fashion-Uik, surpreendente aquele jardim de flores e vegetação ressequidas de falta de água e de oxigênio que o Fernando Marés criou e que tem até o cheiro de coisas sem vida), da música do sempre competente Gabriel, da iluminação precisa e sem truques/artificialismos da Nadja Naira e da sua direção segura e com sua indelével marca de aguda contemporaneidade. 

Fiquei feliz e honrado de ter recebido seu convite e de ter assistido a estreia. A decisão de se criar uma atmosfera intimista, espaço pequeno, pouca gente, traz o texto muito mais perto da plateia e surpreende pelo modo direto, cara a cara mesmo, como os Sachas se revelam pelos atores e como os atores se revelam pelos Sachas. 

O texto de Ivan Viripaev é forte e avança sobre questões não muito comuns - eu diria que até são um tipo de tabu - na dramaturgia que se faz no Brasil e que você e seus colaboradores dão a ele aquele caráter universal - que o texto tem, claro - e que é universal por poder se situar/contextualizar também em Curitiba, ela, a cidade e suas idiossincrasias. 

Não conhecia o Bolzan. Ele faz o Sacha com uma certa ironia e isso me agradou muito. A Patrícia - a ex Nationarukida e seu jeito de general japonês que não me agrada(va) nada - me surpreendeu. Mas eu vejo que você soube explorar outros potenciais nela e dela. Talvez os ancestrais toques do "Taiko" que nela estão impregnados pela ascendência nipônica, talvez pela cultura exótica do Japão que se aproxima e se funde pelo lado "dominador" do tom soviético/russo/nipocolonialista, ela tenha sido uma escolha necessária e precisa para você. Rodolfo e Kamis formaram um casal de Sachas harmonioso. Ele, frágil quando necessário. Ela, explorando sua força natural e uma meiguice que sempre vem como provocação, nunca como carinho, afeto, amor.

Parabéns a todos e especialmente a você pela coragem de sempre inovar. E de surpreender a cada nova montagem.

Abraços

Rogério Viana

Rodrigo Bolzan, ao fundo, Gabriel Schwartz
e Patrícia Kamis em "Oxigênio"
(foto de Elenize Dezgeniski)

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