quarta-feira, 20 de abril de 2011

Cinco perguntas sobre o final do texto

José Sanchis Sinisterra provoca
reflexão sobre o final do texto dramatúrgico
No artigo publicado na edição 37-38 da "Revista Teatro-Celcit", em Buenos Ayres, o autor espanhol José Sanchis Sinisterra provoca uma reflexão acerca do final do texto dramatúrgico e a faz através de cinco perguntas que formula e responde:

Por que  o final da obra dramatúrgica propõe ao autor um acúmulo de responsabilidades ainda maior que em outros gêneros literários?
Quem decide o final do texto?
Onde termina o texto e quando começa o final?
Como acaba o texto?
Por que acabar o texto?

O texto de Sinisterra tem o seguinte começo na tradução que fiz:

Cinco perguntas sobre o final do texto

José Sanchis Sinisterra

Todo escritor conhece este momento em que a obra chega ao seu final. Este momento em que a última frase, a última palavra, abre espaço no branco da página ao silêncio da escritura. O conhece, o deseja e o teme, com frequência a partir de um estado de excitação em que se mesclam num emaranhado a soberba do demiurgo – que no início da obra pronunciou seu “fiat lux” e ao concluir-la murmura “fiat tenebrae” – e a impotência do aprendiz de feiticeiro que pressente o destino incontrolável de sua criatura, que lhe concede a contragosto uma autonomia relativa, oferecendo-a ao mundo como um mundo paralelo.
Mundo, por outro lado, que o escritor de gabinete, neste momento desejado e temido, com a gravidade de quem sabe até que ponto sua aceitação ou recusa no universo literário dependem em grande parte das últimas decisões, das últimas disposições; e assim, prevendo e prevenindo tão injusta decisão – julgar o todo pela parte -, o escritor se esmera para dar a este último segmento de sua obra o melhor de si mesmo.
Não há nesta figura demasiada retórica sobre o “heroico” ofício de escrever. Recorrendo simplesmente a nossa experiência de leitores, podemos constatar quantas vezes uma obra literária se redimiu ou nos decepcionou somente por sua parte final. Como se a drástica interrupção do fluxo discursivo, a súbita – embora prevista – caída no vazio semântico, super dimensionara a significação e o valor da sequência antecedente, que parecia irradiar um efeito retroativo até a totalidade do texto já lido.
Ressonância é como chamam os narratólogos a este efeito, que não depende apenas dos conteúdos e recursos técnicos empregados pelo autor para acabar o texto, senão também de sua posição à beira do silêncio: nessa interrupção que todo final produz na sucessão de estímulos semânticos desencadeada pela leitura, neste vazio receptivo que deixa ao leitor só consigo mesmo e o induz a incrementar e prolongar a importância da última sequência lida.
(...)

Para conhecer todas as perguntas e suas respostas, os interessados no texto completo poderão solicitá-lo via e-mail para: rogeriobviana@yahoo.com.br

O texto será enviado no formato PDF.

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