Patricia Zangaro, Carlos Ianni e Adriana Genta. (foto divulgação - Diário Página 12 - Argentina) |
Através do foro do CELCIT pude acompanhar todo o trabalho de preparação e de divulgação da montagem de "La complicidad de la Inocencia", na cidade de Buenos Aires. O tema, logo de início, chamou a minha atenção. E com este interesse, quis conhecer o texto escrito por Adriana Genta e Patricia Zangaro, autoras argentinas.
A razão do meu interesse, além das questões óbvias de conhecer alguns aspectos das estratégicas dramatúrgicas empregadas pelas autoras no texto, havia, também, a curiosidade de saber como as duas trataram a questão central do texto que é a última Ditadura Militar naquele país, naqueles anos de triste memória e após o retorno e a queda de Perón e de sua Isabelita.
Esta semana baixei o texto diretamente do site do CELCIT e o estudei com detalhes. Interessou-me, então, traduzi-lo também. E o fiz com muita alegria, aproveitando os dias de feriado.
O texto com as seis cenas, seis histórias, seis dramas, torna muito claro a dimensão do que foi a ditadura militar em terras argentinas. Revela muito mais que as seis histórias. Nos mostra, de uma maneira muito objetiva que grandes tragédias só acontecem quando pequenas tragédias se multiplicam pelo tecido social de um país. E são estas pequenas tragédias, estas inocentes tragédias que tornam cidadãos comuns, cúmplices de um drama de dimensões incalculáveis.
Encaminhei o texto traduzido para Adriana Genta e Patricia Zangaro e ambas autorizaram que eu publicasse o trabalho que fiz e que tem o título de "A Cumplicidade da Inocência", cujo subtítulo é "Terror e Miséria da Classe Média Argentina".
A peça "La complicidad de la inocencia" que está em cartaz no teatro do CELCIT em Buenos Aires, tem a seguinte ficha técnica e artística:
Texto de Adriana Genta e Patricia Zangaro
Com
Julieta Bottino
Carolina Erlich
Teresita Galimany
Juan Lepore
Andrea Magnaghi
Hugo Men
Josefina Recio
María Svartzman
Carolina Erlich
Teresita Galimany
Juan Lepore
Andrea Magnaghi
Hugo Men
Josefina Recio
María Svartzman
Fotos:
Soledad Ianni
Música
Osvaldo Aguilar
Osvaldo Aguilar
Assessoramento cenoplástico
Jorge Ferro
Jorge Ferro
Cenografía, figurino, iluminação e direção:
Carlos Ianni
Carlos Ianni
Espetáculo sem intervalo
Duração: 65 minutos
Duração: 65 minutos
Temporada 2011
Sobre "A Cumplicidade da Inocência"
Em seu célebre artigo de 1934 - "Cinco dificuldades para dizer a verdade", Brecht havia escrito: "Se em nossa época é possível que um sistema de opressão permite a uma minoria explorar a maioria, a razão reside em uma certa cumplicidade da população, cumplicidade que se estende a todos os domínios".
Um ano mais tarde começaria a escrever os vinte e quatro episódios de "Terror e misérias do Terceiro Reich", onde baseando-se em testemunhos e notícias publicadas pela imprensa, relata um punhado de pequenas histórias de covardia, cumplicidade e violência da sociedade alemã dominada pelo nazismo.
Adriana Genta e Patricia Zangaro comentam sobre o trabalho que desenvolvera: "Quando Carlos Ianni - o diretor da montagem - nos convocou para conceber a dramaturgia de um espetáculo que levantava questões sobre o terror e a miséria de nossa própria sociedade durante a última ditadura militar, começamos a enxergar o modo como o medo deslizou-se pelas tramas de um tecido social arrebentado, impregnando o imaginário de cidadãos comuns e percorrendo até seus vínculos mais íntimos, para engendrar silenciosas cumplicidades com a repressão e domésticas reproduções de submetimento. Dessas indagações surgiram as seis histórias do texto ´A cumplicidade da Inocência´, histórias tão insignificantes e obscuras como as criaturas que as habitam".
As seis histórias divididas em seis cenas são:
Cena I - O dia do golpe - Bico Fechado (de Patricia Zangaro)
Cena II - O extermínio da "Subversão" - Privadas (de Adriana Genta)
Cena III - O medo se instala na sociedade - Marchem (de Patricia Zangaro)
Cena IV - A cumplicidade social - Por alguma coisa (de Adriana Genta)
Cena V - A censura - Este são os contos (de Patricia Zangaro)
Cena VI - Do estado geral do medo para a delação - O cheiro (de Adriana Genta)
As seis histórias divididas em seis cenas são:
Cena I - O dia do golpe - Bico Fechado (de Patricia Zangaro)
Cena II - O extermínio da "Subversão" - Privadas (de Adriana Genta)
Cena III - O medo se instala na sociedade - Marchem (de Patricia Zangaro)
Cena IV - A cumplicidade social - Por alguma coisa (de Adriana Genta)
Cena V - A censura - Este são os contos (de Patricia Zangaro)
Cena VI - Do estado geral do medo para a delação - O cheiro (de Adriana Genta)
Os interessados poderão solicitar a peça traduzida através do meu e-mail:
rogeriobviana@yahoo.com.br
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