terça-feira, 7 de junho de 2011

O “ferrão” perdido, o leitinho das crianças, a geléia real palaciana

Aqui é onde eu discuto e informo sobre dramaturgia, peças de teatro, montagens teatrais, textos e estudos que tem na arte da dramaturgia seu principal foco.

Mas há coisas que eu não posso deixar de lado e nem posso deixar de comentar. Como cidadão, principalmente.

Hoje, diante da demissão - ou como queiram alguns, com o pedido de demissão - do ministro Antonio Palocci Filho, o da Casa Civil, tenho que fazer um comentário e provocar uma reflexão sobre o que é "perder o ferrão para logo mais na frente sobreviver e dar sobrevida a um corpo corrupto e poderoso".

E escrevi o que se segue:

A recente demissão de Palocci - a segunda por motivos nada ortodoxos - reforça uma tese da sociobiologia que pode ser utilizada na Política em geral e na brasileira, em particular. No livro "A Carne e o Diabo" - Jean-Didier Vincent - Forum da Ciência, Lisboa, Portugal, 1997 - o autor cita Ricardo, o fundador da Economia Política e as "leis do rendimento em bens de raiz" e Magendie na "regulação das funções animais" e faz a seguinte indagação: 

"Como encontrar matéria para escândalo numa ´sociobiologia´ que, em suma, não é senão o prolongamento de uma longa tradição que retira do estudo dos organismos animais a explicação, se não a justificação, das torpezas morais e políticas dos homens?" 

O autor francês avança na sua argumentação e, logo a seguir, diz: "A economia da natureza é concorrencial de parte a parte. Compreender esta economia e o seu funcionamento é por em evidência as razões subjacentes dos fenômenos sociais. São os meios que permitem a um organismo obter vantagem à custa de outro (...) Se melindrar um altruísta, verá a raça de um hipocrita. Todo o comportamento animal e, por isso, também todo o comportamento humano, se fundamenta no interesse individual". 

E continua: "Esse individualismo desenfreado, que os naturalistas designam pelo termo de altruísmo, consiste, com efeito, para os representantes de certas espécies, em sacrificar vantagens imediatas, e por vezes até a sua própria vida, a fim de obterem benefícios superiores. O exemplo citado é o das abelhas obreiras que, ao picarem um intruso, pagam com a sua própria vida a defesa da colméia". 

Num caso raro dessa "sociobiologia" ou o que aqui chamo de "biologia política", a "obreira" de nome Palocci "picou um intruso" - o caseiro Francenildo - e, depois, outra vez "picou a ética" - beliscando uma montanha de dinheiro da iniciativa privada financiada diretamente pelo bem que deveria ser de todos nós, o caixa do Governo para, com isso e em ambas as situações, sacrificar vantagens imediatas a fim de obter reais e incalculáveis benefícios superiores (e posteriores). 

Perdia o ferrão (o do poder), regenerava-o pelas forças dos interesses maiores do PT e dos beneficiários dele, defendia a "colméia petista" e, mais tarde, recuperado e renascido politicamente, voltava para, outra vez, mais uma, perder o ferrão (a Casa Civil, tão emporcalhada) e deixar que toda a "geleia real" pudesse ser degustada pela "Abelha Rainha" e pelo "Zangão Rei" e, suas sobras, muito menores, serem distribuídas entre as "obreiras", as operadoras de todos os esquemas, as que se beneficiam das taxas de sucesso das infindáveis operações aéticas e imundas que se praticam a partir de um certo palácio planaltino. Mas, deixando de lado o ferrão ministerial, Palocci vai poder continuar defendendo e ampliando o patrimônio que amealhou e que vai precisar amealhar com toda sorte de "ferroadas" - também chamadas de mordidas - aos empresários que só conseguem os contratos governamentais à custa de propinas, leitinho das crianças, cafezinhos e o "mel", a "geléia real" que aquele grupelho palaciano tanto gosta?

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