segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Seance - As algemas de Houdini





Elenco de "Seance - As algemas de Houdini"
(foto de Marco Novack)


SEANCE - AS ALGEMAS DE HOUDINI


2011 está sendo um ano extremamente produtivo para a Vigor Mortis e seu diretor Paulo Biscaia Filho. A boa safra teve início no Rio de Janeiro com a celebrada estreia de “Os catecismos segundo Carlos Zéfiro” que lotou sessões no CCBB-RJ antes de fazer casa cheia no Guairinha em uma rápida temporada curitibana. Em abril, com uma produção da MKF, Biscaia estreou “Avenida Independência 161 - Trilha Sonora para Coisas Irreversíveis”. Pouco depois, lançou os curtas do projeto “Nevermore - Três pesadelos e um delírio de Edgar Allan Poe”, que já teve exibições no festival RioFan, em um programa ao lado do polêmico “A Serbian Film”, além de sessões no México e Estados Unidos. Em julho, Biscaia rodou seu segundo longa metragem: “Nervo Craniano Zero”. Baseado na peça homônima, o filme está em fase de edição e deve estrear no ano que vem.

No meio deste turbilhão, e antes de apresentar as montagens “Manson Superstar” em Brasília e circular “Graphic” pelo nordeste do país, a companhia que produziu “Morgue Story”, na quarta feira, dia 21 de setembro, estreou sua nova montagem : “SEANCE - AS ALGEMAS DE HOUDINI”.

“Quem acha que já viu tudo o que a Vigor Mortis pode fazer, está enganado.”, afirma Biscaia, “SEANCE segue a tradição da companhia como mais uma viagem cênica dentro da linguagem filmes de horror, mas diferente de tudo o que já fizemos”. O diretor explica que a nova peça faz referência aos filmes da célebre produtora britânica Hammer, que ficou famosa com os filmes de Christopher Lee e Peter Cushing. A montagem quer recriar o prazer de assistir a esses filmes em programações madrugueiras de TV nas décadas de 70 e 80 somada a um viés político.

“Nos deliciávamos com o pavor de ver aqueles filmes dublados com cenas de horror que hoje parecem mais canhestras que assustadoras. Enquanto víamos TV, o verdadeiro terror estava acontecendo em salas de tortura do governo militar. Esta montagem une esses dois elementos. Essa é a vocação da Vigor Mortis. Juntar coisas que aparentemente jamais dialogariam, mas cuja união é absolutamente coerente”.

A sinopse da peça explica isso. Em julho de 1969, na noite em que a Apollo XI vai supostamente pousar na lua, quatro figuras peculiares são convocadas a um encontro por um homem misterioso. Uma psiquiatra especialista em hipnose, um padre exorcista, uma famosa médium e um mágico escapista. Este estranho grupo descobre que está em um centro de tortura de um país de regime ditatorial não identificado. Sua missão é desvendar um mistério que envolve um guerrilheiro morto e um demônio milenar.

“Claro que é trash!”, brada o diretor, ”Essa palavra está um tanto desgastada, mas se quiserem usar, estejam à vontade. Trash em cinema sempre esteve ligado ao desconhecimento de limites e abusos na comunicação com o público. É desta forma que eu vejo o termo ‘Trash’. E por isso, me orgulho de ser chamado de trash”.

O texto de SEANCE começou a ser escrito em 2005 e traz em seu ritmo e diálogos uma estética mais próxima de Morgue Story, que teve sua estreia uma no antes. Em 2009, o texto foi finalizado após ser selecionado pelo Edital Oraci Gemba do Fundo Municipal de Cultura e fez parte de publicação distribuída ela Fundação Cultural de Curitiba. No entanto, o diretor afirma que nunca se viu como um autor e sim como um diretor que escreve roteiros para suas montagens. Por conta dessa visão, a encenação do texto sofreu mudanças e a a proposta de direção não se preocupou em respeitar rubricas publicadas. “O texto foi escrito e me serviu como guia para a montagem, mas apenas encená-lo ao pé da letra seria frustrante e seguro. É necessário encontrar um risco estético no momento da materialização da peça no palco”, diz Biscaia.

O elemento mais bizarro da montagem está em uma escolha no mínimo estranha de uso do texto. Boa parte da peça é dublada. Isso mesmo. Os atores interpretam em uma língua inventada enquanto que suas próprias vozes dão texto em português e com a típica interpretação canastrona de dubladores dos anos 60. “É um lugar de interpretação que existe apenas no universo da dublagem”. O diretor explica que isso também é uma escolha relacionada a repressão.”É angustiante não poder ver ao certo o que uma pessoa está dizendo. Em todos os sentidos”, diz o diretor.

SEANCE também traz desde seu título uma referência ao lendário mágico americano Harry Houdini, famoso na virada do século XIX para o século XX por seus números de escapismo. Houdini fez fama de correntes, caixotes em lagos congelados e caixões enterrados. O personagem da peça Charles Cavalier (interpretado por Andrew Knoll, vencedor do Troféu Gralha Azul por ‘Manson Superstar’) é um discípulo de Houdini desde os atos de mágica até o hábito de desbancar falsas seances (palavra usada para descrever sessões de espiritismo), mas é por seus atos de fuga que ele traz a metáfora definitiva a montagem. Um escapista em um país prisioneiro. “Esse conceito de prisão não precisa ser ligado apenas ao governo militar, mas também aos políticos contemporâneos que são tão ‘coronelistas’ quanto Médici.”, polemiza o diretor.

A montagem também marca uma nova fase da Vigor Mortis com novas faces no elenco. Além de Andrew Knoll como o mágico, a peça traz Luiz Bertazzo (de “O Homem Piano’) como o misterioso homem de terno preto, Rubia Romani como a psiquiatra junkie, Luiz Carlos Pazello faz o padre exorcista e Guenia Lemos (que acaba de encerrar as filmagens de Nervo Craniano Zero) como a médium Margueritte.

“É um elenco criativo e empolgante. Como os personagens da peça, a princípio parece ser um grupo peculiar, mas aos poucos eles constroem uma cumplicidade que sustenta a narrativa da peça”, elogia Biscaia.

A montagem estreia no Espaço Dois. A mesma casa que abrigou em 2004 a estreia de Morgue Story, montagem que determinaria os caminhos da Vigor Mortis. Desde então a companhia não retornava ao espaço
.

Local: 

Espaço Dois, Rua Comendador Macedo, 451 - Centro, 41 3362-6224
Quando: De 21 de setembro a 23 de outubro.
De Quarta a Sábado às 21:00
Domingos as 20:00.
Sessões EXTRA : nos dias 9, 16 e 23 de outubro às 17:00.

Não haverá apresentação da peça nos dias 30/09, 01 e 02/10.

Ingresso - Quanto: 

Quartas R$2,00(inteira) e R$1,00(meia);
Quintas R$6,00(inteira) e R$3,00(meia);
Sexta a domingo: R$10,00(inteira) e R$5,00(meia).

Texto | Direção | Videos : Paulo Biscaia Filho
Direção de Produção: Marco Novack

Estrelando:Andrew Knoll - Cavalier
Guenia Lemos - Margeritte, a Médium
Luiz Carlos Pazello - Padre Lucas/ Irmã
Luiz Bertazzo - Homem de Terno
Rubia Romani -Dra. Estela Zorn
Christiane de Macedo - Mãe
Gustavo Saulle - V
Marco Novack - stand in

Cenário | Figurinos | Adereços : Paulo Vinicius
Iluminação: Wagner Corrêa
Maquiagem: Marcelino de Miranda
Sonoplastia: Marco Novack/Paulo Biscaia Filho
Ass. de Figurinos: Day Bernardini
Ass. de Produção: Nika Braun
Cenotécnico : Birapaes
Operadora de luz: Erica Mitiko
Operadora de som e videos: Thaisa Pinheiro Carvalho
Orientador de Mágica : Mágico Hugo Moraes
Design Gráfico: José Aguiar
Diagramação material gráfico:  Fabiano Vianna
Fotografia: Marco Novack
Uma Realização : Vigor Mortis Video Stage and Words


Informações: marconovack@mac.com
 

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