quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O dia em que morreu John Lennon


Eu dormia naquela manhã de 8 de dezembro de 1980. Meu filho Rafael, então com quatro anos, havia acordado mais cedo e ligado a TV, na hora do "Bom Dia, Brasil", da TV Globo. Pouco depois ele correu ao meu quarto, acordou-me dizendo: Pai, pai, o João Lenos morreu! Pai, o João Lenos morreu!
Sem entender direito, pedi que ele repetisse, pois não estava associando o nome de nenhum João Lenos.
- Pai, pai, é o João Lenos... que o senhor tanto gosta!
- João Lenos, Rafa? João Lenos?
- É pai, o João Lenos morreu!
Fui até a sala e ouvi, estarrecido, uma entrevista com o Erasmo Carlos, chorando e comentando sobre a morte do John Lennon.
Quem poderia imaginar que alguém pudesse matar John Lennon? Quem?
Somente um louco poderia.
Sim, John Lennon estava morto. Um dos meus ídolos de juventude. Um dos músicos que mais me atraíram depois que os quatro rapazes de Liverpool se separaram.
Eu me lembro que senti um vazio muito grande naquela manhã. Claro que era alguém importante para toda uma geração, mas não era alguém próximo. Eu também já não era um menino apaixonado pelas músicas dos Beatles. Já tinha três filhos - Séfora, Juliana e Rafael. Mas a morte - trágica em toda a sua dimensão - daquele homem mexeu muito comigo. Um tipo de sentimento que eu não experimentara antes. Já havia perdido amigos de infância, amigos de juventude, amigos de épocas mais recentes. Todas as perdas trouxeram sentimentos diferentes, intensos. Mas perder um ídolo era diferente por se tratar de um Beatle. Um Beatle devia ser eterno. Um Beatle é eterno. Mas naquela manhã, no calor de dezembro da cidade de Piracicaba, fui acordado, não por ter tido um pesadelo, mas porque, distante, alguém optou por dar fim a um sonho, a uma lenda, levando ao pé da letra a frase "o sonho acabou".
Não sou de cultivar saudosismo, mas, com o passar dos últimos anos, quando eu já havia entrado na casa dos 60 anos, a figura de John Lennon sempre, de alguma maneira, se aproxima de mim. Há quatro anos pintei uma série de pequenos quadros, bem pequenos mesmos, e num deles coloquei a imagem do John Lennon (extraído de uma famosa foto dele com uma camiseta de New York). Há dois anos, de novo, brincando em cima de outra foto de Lennon, fiz a ilustração acima.
Hoje faz 31 anos que John Lennon morreu. E estou com uma imensa saudade de tudo de bom - e de ruim - que aquele dia 8 de dezembro de 1980 deixou para trás.
Ao fundo, um quadrinho com a imagem do meu Beatle preferido.


Um comentário:

  1. Parabéns pelo Blog,Rogério. Forte abraço ! Augusto Aguiar - Bebedouro S.P.

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