segunda-feira, 4 de março de 2013

Duas peças de teatro de Portugal no Festival de Curitiba

Fiandeira, Olhos nos dedos - lã, lã, lã, espetáculo que vem de Portugal

A atriz portuguesa Isabel Fernandes Pinto (Vila Nova de Gaia – Porto – Portugal), que também é autora e diretora, apresenta dois espetáculos para crianças e adolescentes no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura (Shopping Curitiba): “Fiandeira” (31/03 e 1, 2 e 3/03 e “Histórias de animais para outros que tais”( 4, 5 6 e 7/04/2013).

Fiandeira

É uma peça de teatro-dança para contadora e guitarra, um espetáculo feito de voz, palavra, imagem, movimento e som. Tal como a saia que a contadora veste, este é um espetáculo de múltiplas camadas, uma reunião de linguagens que se debruçam sobre uma memória comum: o ciclo da lã.

Sinopse

Era uma vez uma fiandeira que era uma montanha que girava e tudo via.
Era uma vez gotas de água que subiam e desciam devagar, transformando-se em nuvens e em orvalho.
Era uma vez uma ovelha baledora lírica que, contra a impassibilidade de um rebanho, a atrabile de uma ovelha-mor, o diz-que-disse de dois cães moucos e a tesoura friorenta de um tosquiador, baliu até escorraçar o abocanhador lobo para outras paragens.
Era uma vez dois cães que viviam a comentar a vida das ovelhas.
Era uma vez uma ovelha que foi ao cabeleireiro e pintou o seu belo velo de cor-de-rosa.
Era uma vez uma ovelha-mor que trocou uma marcha por canções líricas.
Era uma vez um rebanho que descobriu que era mais importante do que aquilo que pensava.
Era uma vez um abocanhador lobo que tinha medo de balidos líricos.
Era uma vez a mecha que se tornou fio e casaco para aquecer uma ovelha que doou a sua lã mas não queria perder a sua voz.
Era uma vez um fuso a girar entre os dedos.

Memória descritiva

Várias histórias começam e acabam, são vistas e escutadas. Várias camadas, vários casacos que cada um pode escolher e vestir. Este é um espetáculo dirigido a todas as pessoas. Não selecionamos apenas um público-alvo, dirigimo-nos a crianças, jovens, adultos e idosos. São múltiplos os públicos e as leituras, múltiplas as perspectivas e possibilidades de fruição do espetáculo. Almejamos interlocutores livres, que criem em si uma “Fiandeira” nova e única, de cada vez que a visitarem.
Partimos de uma das atividades mais antigas e belas da nossa cultura: a fiação, integrada no ciclo da lã. Pretendemos que este trabalho estabeleça uma ponte entre esse passado longínquo em que as vestes eram feitas em casa, vinham das mãos das mulheres de cada família, e este presente de “pronto a vestir” onde o trabalho manual se resume aos botões das máquinas. Não queremos criticar nem cobrir o presente pelo véu da saudade, mas celebrar o valor essencial desse trabalho demorado, exaustivo e cheio de fé, que confere às coisas o estatuto de obra de arte através do ofício.
E tudo isto acontece no campo, esse lugar onde tudo se transforma a tempo certo, onde não existe velocidade excessiva nem voltar atrás, apenas o escoar visível e o brotar sonhado. Por isso as imagens, por isso a guitarra, por isso a dança.

A obra musical

A Fiandeira, obra musical composta para guitarra solo divide-se em 10 andamentos. Cada andamento foi pensado para além do material estético, levando o processo de escrita às dificuldades técnicas mais proeminentes da guitarra no ensino artístico ao nível do secundário. Assim, procura-se com esta obra não só escrever a abstração sonora do mundo onde se desenrola a acção mas contribuir com cada andamento para o desenvolvimento musical nomeadamente na vertente instrumental (guitarra) transformando cada andamento num estudo.
Estes estudos depois de editados em conjunto com o texto permitirão ao aluno, espectador, contador de estórias montar um espetáculo cênico de câmara onde a palavra e a música transformam a linguagem individual numa complementaridade que permitirá a fruição das várias formas de comunicação como um todo.
Existirá um cd de acompanhamento interpretado pelo compositor e escritora, que não só servirá de guia, mas num grau de maior importância permitirá uma primeira abordagem à interpretação da obra, permitindo uma base para outras ideias e formas de comunicação.


Ficha técnica:

Direção
Isabel Fernandes Pinto
Assistência de Direção
Andrea Gabilondo
Cenografia
Américo Castanheira, José Pinto
Coreografia
Andrea Gabilondo
Figurino
Tucha Martins
Música Original
Joaquim Pavão
Músico
Joaquim Pavão
Preparação Vocal
Mónica Pais

Duração: 50 minutos – Livre – 33 lugares – Ingressos: R$ 20,00

Teatro Eva Herz – Livraria Cultura – Shopping Curitiba
31/03 – 12h00
01/04 – 20h00
02/04 – 12h00
03/04 – 16h00

  
Histórias de animais para outros que tais

Espetáculo de contador de história

Texto, direção e interpretação de Isabel Fernandes Pinto conta quatro histórias de animais que, além de racionais, são também emocionais. Animais que amam, que odeiam, que descobrem, que deprimem, que desejam, que andam para a frente e para trás, bulindo interminavelmente. Quatro animais que se evadem de si próprios, ultrapassam a vida e a morte e vêm dar aos outros o que julgam ter encontrado. Um peixe solitário vive num aquário, preterido pela sociedade e sonhando em conhecer o mar, ao qual ele vai chegar por um percurso sinuoso… Um galinheiro é transformado num aviário, mas os pintos revoltam-se… Uma vaca que produz leite achocolatado para uma fábrica de bolos é despedida quando se descobre que o chocolate provoca alergia, mas ela não se fica…Um elefante abandonado pela sua
manada crê que poderá conseguir que os outros voltem a gostar dele se ficar mais elegante, o que não será bem verdade… Moralistas ou subversivas, as suas histórias são um alimento psíquico de forte valor nutritivo.

Ficha técnica:

Direção
Isabel Fernandes Pinto
Assistência de Direção
Andrea Gabilondo
Assistência de Produção
Maria Mata
Operação de Luz
Joaquim Pavão
Preparação Vocal
Mónica Pais

Duração: 50 minutos – 12 anos – 33 lugares – Ingressos: R$ 20,00

Teatro Eva Herz – Livraria Cultura – Shopping Curitiba

04/04 – 12h00
05/04 – 16h00
06/04 – 20h00
07/04 – 19h00
  
Isabel Fernandes Pinto

Atriz, contadora de histórias e autora de contos e textos para teatro. Desde 1998 tem colaborado com várias companhias de teatro: Teatro Regional da Serra de Montemuro, Teatro Art’Imagem, Centro de Criatividade da Póvoa de Lanhoso, EntreTANTOteatro, CAIR-TE, Terra na Boca e La Marmita.

Trabalhou com encenadores como João Mota, Rogério de Carvalho, Lee Beagley, José Barbieri, Rui Spranger, João Paulo Costa, Júnior Sampaio, William Gavião, Thomas Bakk, Luciano Amarelo e Renata Portas; na área do teatro-dança trabalhou com Adam Darius, Kasimir Kolesnik e Andrea Gabilondo.
É licenciada em Estudos Teatrais pela ESMAE-IPP, tendo complementado a sua formação de atriz no Laboratoire de Recherches Théâtrales, sediado em Estrasburgo, com os conceituados professores da Escola de Arte de Moscou Vladimir Ananiev, Irina Propovna e Grigory Auerbakh. Frequentou ainda oficinas de formação com Eugénio Barba, Marcia Haufrecht, Hanna Schygulla, Tamar van den Dop, Alfredo Calvazzoni, Szabolcs Hajdu, Alex Navarro, Caroline Dream e Ricardo Rizzo.
É também licenciada em Arquitetura pela FAUP, tendo colaborado em gabinetes nacionais e franceses, como o Atelier de Laurent Beaudoin e o Gabinete de Arquitetura de Jorge Gonçalves, e participado em duas exposições com trabalhos plásticos da sua autoria: “Olhar, Ouvir” (’99) e “Frissões” (’04).
Colaborou com projetos de teatro independentes, nomeadamente o projeto
"Apalavrado", encenado por Renata Portas, onde interpretou o monólogo de Pedro Eiras "Bela Dona".
Integrou os elencos de vários curtas-metragens, entre as quais Berço de Pedra, de Nuno Rocha, galardoada com o Prêmio para Melhor Elenco “ALEXIS DAMIANOS” no Festival de Naoussa, Grécia.
Em 2005 criou o Projeto Faunas – teatro portátil, onde escreve, encena e interpreta que tem levado a várias escolas, bibliotecas e auditórios peças de teatro dirigidas ao público jovem.

O músico

Joaquim Pavão, guitarrista, compositor, nasceu em 1975 no Porto. Como intérprete tem tocado em Portugal, Espanha e Bulgária. Para além inúmeros de recitais-solo fez parte do trio Arsis e Duo Amabile, acompanhou o ator Vítor de Sousa (Poesia), o violoncelista Jan Kuta e a violinista Elitza Mladenova. Gravou para a RTP e Antena 2. Apresentou a primeira apresentação pública em Portugal da obra completa de N. Paganini para Guitarra e Violino na sua versão “facsmile”. Gravou obras de E. Gismonti, A. Piazzolla e L. Brouwer. Estreou obras de compositores, tais como Michel Bert, Andrey Diamandiev e Philip Houghton.
Como compositor escreveu para teatro, cinema e concerto. Foi editado pela Universidade de Aveiro/Academia de Artes Digitais um DVD com a obra “Quatro Elementos” para orquestra de cordas, interpretado pela Filarmonica das Beiras, inserida num filme de Janek Pfeifer que mereceu um prêmio no Festival Ecovision de Palermo. Escreve para o mesmo realizador (re)Volta e Meia – Guitarra e Instantes – Narrador e Guitarra. Gravou a banda sonora do Filme “A Sesta” de Olga Roriz inserido na instalação premiada Arquiteccturas de Palco de João Mendes Ribeiro. Gravou para a Antena 2 a estreia da obra “Uma Ilha na Lua” para Narradores, Soprano, Baixo, Guitarra e Orquestra. Escreveu várias peças para teatro, tais como, Animais Nocturnos – Acordeão Solo, Hypomnemata – Coro para a encenadora Renata Portas, A História de uma estória – Opera para três sopranos, um baixo, Coro e Orquestra, Medeia – Guitarra Solo, Electra – Flauta Solo, Três Poemas e um Copo de Vinho para o encenador José Geraldo, Uma Ilha na Lua – Coro, Guitarra, Contrabaixo e sonoplastia para a Companhia Efémero. Foi júri no XI Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimidia de Avanca. Realiza e assina a banda Sonora do Documentário Avenida – Guitarra. Escreve variadíssimas obras para concerto destacando-se Concerto para Cesariny – Guitarra e Orquestra,...de um Fado – Orquestra de Câmara, 7 miniaturas – Soprano Solo, 10 estudos – Guitarra, Setúbal – Guitarra, Aveiro – Guitarra. A sua obra é publicada pela Ava Musical Editions.


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