domingo, 6 de dezembro de 2009

A vida imita a arte.Precisava tanto?

Mário Bortolotto e seu blog "Atire no Dramaturgo": a vida imitando a arte.

O dramaturgo paranaense nascido em Londrina, Mário Bortolotto, permanece internado em estado grave na UTI do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo para onde foi levado na madrugada de sábado (ontem, 5-12-2009), depois de ter atingido por quatro tiros durante um assalto no bar dos Parlapatões, na praça Roosevelt, centro de São Paulo.

Bortolotto passou por uma delicada cirurgia e seu estado tem inspirado atenção especial conforme nota divulgada pela assessoria do hospital.

Mário Bortolotto nasceu em Londrina em 1962. É diretor e ator e vive na capital paulista desde os anos 90. Escreveu e dirigiu várias peças de teatro e é fundador do Grupo Cemitério de Automóveis. Em 2001 foi vencedor do prêmio Shell de melhor autor de peça teatral com "Nossa Vida Não Vale um Chevrolet".

A vida imita a arte

Bortolotto, ao sofrer tamanha violência dentro de um espaço vinculado a um teatro, não poderia imaginar que seus textos pudessem ter sido levados ao pé da letra. Além de participar da Banda Saco de Ratos que já gravou um disco ele publicou um livro com o título "Atire no Dramaturgo", com textos que publica no seu blog de mesmo nome. A vida imitou mesmo a arte, mas não precisava tanto. A violência ganha tamanha banalização que a gente até fica anestesiado e sem saber como reagir, pois ela tem caminhado por onde a gente menos espera. No seu último post, uma estranha premonição. Ou todos poderão dizer que foi mera coincidência?

Atentem para o último parágrafo do post:

"...E eu voltei pro bar. Quando ninguém mais acreditava que eu pudesse voltar. Eu tinha tudo pra não voltar, né? Mas eu sempre volto. Hoje recebo mensagens de outros amigos. Mas não quero levantar. Já ouviram "This love of mine" do Van Morrison?".

Veja o link:


O post mais recente do Mário Bortolotto, no seu blog foi esse, na véspera do trágico acontecimento (dia 4 de dezembro de 2009):

A DIFICULDADE DE IR ATÉ A ESQUINA E ESSE GOSTO DE PASSPORT PRO INFERNO

Entendam que é difícil pra mim. O telefone toca, mas eu não quero levantar. Deixei "Stranded" doVan Morrison no repeat. Tem uma igreja medieval em cima da minha barriga e algumas orações que aprendi com meus avós na minha cabeça, mas parece que elas não me valem nada. Ainda sinto o gosto do Passport pro inferno. Preciso parar de ir pro Estrela da Roosevelt (o último refúgio que nem sempre nos recebe muito bem). Vou jantar com o Lobo e com a Mariana. Bons presságios. Acho que vou ganhar um Jameson hoje. Um Green Label na minha casa e eu bebendo Passport pro inferno. Eu voltei pro bar hoje. Eu sempre volto pro bar. Os amigos não acreditam quando me vêem entrando pela porta, de novo. Noite boa a de ontem. Grande show. Divertido pra caralho. Emocionante quando tinha que ser e divertido na hora certa. Os amigos se divertindo na platéia. E eu voltei pro bar. Quando ninguém mais acreditava que eu pudesse voltar. Eu tinha tudo pra não voltar, né? Mas eu sempre volto. Hoje recebo mensagens de outros amigos. Mas não quero levantar. Já ouviram "This love of mine" do Van Morrison?

Sobre a banda "Saco de Ratos", veja o MySpace dela:




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