terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Yazbek faz palestra hoje. Amanhã começa workshop de dramaturgia

Cena final da peça "O Fingidor" de Samir Yazbek

O autor e diretor de teatro Samir Yazbek participa, de hoje a sexta-feira, em Curitiba, de palestra e workshop sobre dramaturgia, em eventos promovidos pelo Núcleo de Dramaturgia patrocinado pelo SESI Paraná.

Hoje, a partir das 20 horas, no Teatro José Maria Santos, Yazbek vai proferir a palestra “A Importância da Dramaturgia Hoje”, e deve focalizar a importância da dramaturgia num mundo em que os meios de comunicação de massa se expandem a cada dia. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas diretamente no site do Núcleo de Dramaturgia.

“Dramaturgia em Movimento” é o tema do workshop exclusivo aos integrantes da Oficina Permanente do Núcleo de Dramaturgia do SESI Paraná que Yazbek vai coordenar a partir de amanhã e onde vai apresentar o estudo de conceitos e as mais variadas correntes estéticas e ideológicas que culminam nas possibilidades de uma dramaturgia contemporânea. O workshop será apresentado no Teatro José Maria Santos, das 19 às 23 horas, de amanhã a sexta-feira.

Conheça alguns diálogos em peças do Samir Yazbek

O FINGIDOR (Prêmio Shell de 1999)

Cena 2

(...)

Henriqueta (irmã de Fernando Pessoa) lê o jornal (onde saiu um anúncio de emprego) e fica indignada. Pessoa tenta disfarçar o incômodo. (Ele se candidatou para a vaga de datilógrafo de um crítico literário)

Henriqueta – Datilógrafo de um crítico literário?! Você precisa disso, Fernando?

Pessoa – Do dinheiro, preciso.

Henriqueta – Juro que não estou te entendendo.(um silêncio) Fernando, você é um poeta. Seus poemas foram publicados em inúmeras revistas. Será que você não arrumaria emprego em nenhuma delas?

Pessoa – Ainda não procurei.

Henriqueta – Orgulho?

Pessoa – Se você pensa assim.

Henriqueta – Você traduziu Shakespeare. Será que não existe mais nenhuma peça dele para você traduzir?

Itálico
Pessoa – Ainda não pensei nisso.

Henriqueta – E o prêmio que você ganhou com o seu livro? É pouca coisa, por acaso?

Pessoa – Um reles segundo lugar.

Henriqueta – Aliás, o dinheiro do prêmio não é o suficiente para você passar o ano?

Pessoa – Já acabou.

Henriqueta – (saindo) Muito bem.

Pessoa – Espere. Se quer me ajudar, fique.

(...)


A TERRA PROMETIDA (Em 2002 foi selecionado com um dos dez melhores espetáculos teatrais pelo Jornal O GLOBO)

(Moisés conversa com seu sobrinho Itamar, filho de Aarão, seu irmão)

Ato único

(…)

Itamar – Meu pai sabia que não foi aquele bezerro que nos tirou do Egito.

Moisés – Então por que permitiu que desafiassem assim a palavra de Deus?

Itamar – Não desafiaram a palavra de Deus, mas a do senhor. Perante o povo, o bezerro substituía o senhor, não Deus!

Moisés – Blasfêmia!

Itamar – E quando o senhor sumiu por tanto tempo, nós pensamos que não voltaria mais.

Moisés – Aarão sabia da verdade. Desde quando Deus nos chamou para comunicar a missão de libertar o povo de Israel do cativeiro egípcio. Aquele encontro foi importante demais para ser esquecido.

Itamar – Quer dizer que meu pai foi o culpado de sua própria morte?

Moisés – Não acredita?

Itamar – Não creio que Deus se importe com esse tipo de coisa.

Moisés – Desde quando você o conhece?

Itamar – Castigo? É isso que seu Deus sabe fazer?

Moisés – Nosso Deus!

Itamar – Quem sabe?

Moisés – O que quer dizer?

Itamar – A partir de hoje talvez ele não seja mais meu.

(…)

Os trechos dos diálogos foram retirados aleatoriamente do livro Aplauso Teatro Brasil (com as peças O FINGIDOR, A TERRA PROMETIDA e A ENTREVISTA) publicado pela Imprensa Oficial de São Paulo em 2006.

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