terça-feira, 3 de maio de 2011

Inícios dos textos "Náusea" e "Variações em Blue" de Patricia Zangaro

Patricia Zangaro, autora de "Náusea" e "Variações em Blue"
Os textos "Náusea" e "Variações em Blue", de autoria de Patricia Zangaro, da Argentina, e que foram traduzidos por mim, têm os seguintes resumos e falas iniciais:


Náusea

Dois homens se isolam para consumar um ato que presumem final. Violentar um corpo para reduzi-lo a matéria estética, violentar a realidade para apreendê-la. Preencher o vazio. Por fim à náusea. Fim?

E as falas iniciais são:

Náusea

Um quarto. Dois homens jovens. Um é cego.


A – É dia?

B – Não, é noite.

A – Que horas da noite?

B – Não sei.

A – Desde quando estou dormindo?

B se inclina para vomitar.

A – Não tem barulho. Deve ser de madrugada.

B – Quem sabe se eu pudesse dormir.

A – Vomitou o quê?

B – Cerveja.

A – Quero.

B – Não tem mais.

A se cala por um momento.

A – Estou mais fraco?

B – Está barbudo.

A – Estou mais fraco que você?

B volta a inclinar-se para vomitar.

A – Está contente agora, não? Sempre quis ser o mais forte.

A escuta ansiosamente os sons de B.

(...)


Variações em Blue

Um ato violento e suas versões. É possível reconhecer uma verdade como o tema principal nas variações musicais? Ou somente ficam fragmentos, resíduos, restos que não articulam um sentido?

Começa assim:

Variações em blue

Uma luz azulada sobre um homem.

Homem I – A lua estava alta e o céu muito azul. Fumávamos na última esquina, antes do beco sem calçada. Não sei se havia sido o fumo, ou a lua alta, porém fiquei de pau duro. Acontece sempre, em qualquer lugar. O magro disse que é por excesso de gordura. Para mim ele disse por inveja. Estava quase tocando uma punheta quando a piranha dobrou a esquina. Parece, agora, que todas cortam o cabelo com a mesma tesoura. Chegam balançando a bunda e os cabelos como uma leoa que voa. Dá vontade de baixar o cacete e violentá-las no meio da rua. Assim aprendem não ser provocantes. Quando se aproximou de mim percebi que não valia porra nenhuma. Umas pernas de quero-quero. As tetas pregadas na clavícula. Pensei em deixá-la passar e ficar com o cacete na mão. Mas a mais vadia revirou os olhos e, sem mais, afundei-lhe a espada. 

(...)


Os interessados em conhecer o texto de Patricia Zangaro poderão fazer o pedido por e-mail que receberão os textos em PDF. Contatos pelo e-mail: rogeriobviana@yahoo.com.br 

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