terça-feira, 27 de outubro de 2009

Roberto Alvim ganha o prêmio BRAVO! Prime de Cultura

"É inacreditável. Só a indicação já é um prêmio", disse Roberto Alvim

Roberto Alvim ganha o prêmio BRAVO! Prime

Roberto Alvim, que coordena a oficina de dramaturgia do Núcleo de Dramaturgia do SESI Paraná, ganhou, na noite de segunda-feira, em São Paulo, na categoria Teatro, o V Prêmio BRAVO! Prime de Cultura, com a peça O QUARTO, de Harold Pinter.

Leia a matéria integral da revista BRAVO! no link:



"O Brasil é o país dos festivais e para BRAVO! é uma alegria e um desafio fazer a crônica dessas revoluções". Foi com essa frase, dita pelo presidente-executivo da editora Abril, Jairo Mendes Leal, que foi aberta a cerimônia do 5º prêmio BRAVO! Prime de Cultura, com o patrocínio do Bradesco Prime e apoio da CPFL Energia e da Claro. O evento aconteceu nesta segunda-feira, 26 de outubro, e foi realizado na Sala São Paulo, com a presença de grandes nomes da cultura do pais, como Chico Buarque, Selton Mello, Milton Hatoum e Danilo Santos de Miranda.

Como no ano anterior, a festa da entrega foi apresentada pelo bem-humorado ator Lázaro Ramos. As apresentações artísticas principiaram com a presença do cantor e compositor Tom Zé, que subiu ao palco com uma meia no rosto. "Eu sou Tom Zé, não é um assalto ainda", disse, arrancando risadas do público. A piada deu seqüência a uma série de divertidas apresentações, com músicas que lembravam a Era dos Festivais, tema do prêmio esse ano. O primeiro número do cantor foi uma paródia de sua própria composição, "São, São Paulo Meu Amor", vencedora da quarta edição do Festival da TV Record, em 1968. "Saí de casa a rigor na esperança de um prêmio BRAVO! e agora vem um cantor" e "antes dessa opereta, me dá logo a estatueta" foram alguns dos versos que alegraram os ansiosos concorrentes das diversas categorias do prêmio.

Chico Buarque foi o vencedor na categoria literatura e seu prêmio foi entregue pelo autor de Cinzas do Norte, Milton Hatoum, a quem abraçou fortemente antes de receber a estatueta. A cena da dupla de escritores sorridentes repetiu a dobradinha de sucesso vista na edição do Festival de Literatura de Parati (FLIP) desse ano, na qual dividiram uma concorrida mesa. O compositor, músico e também escritor dedicou o prêmio a Hatoum, seu amigo, e deixou o palco após abraçar o apresentador Lázaro Ramos, que não perdeu a oportunidadde de exclamar: "Sou seu fã, Chico!". Em homenagem ao premiado, a apresentação seguinte teve um pout-pourri dos primeiros lugares do festival de 1967, Ponteio (Edu Lobo), Roda Viva (Chico Buarque), Domingo no Parque (Gilberto Gil) e Alegria, Alegria (Caetano Veloso), interpretados pela cantora Andréia Dias, acompanhada de uma orquestra de 12 músicos e um regente.

O bom-humor e a animação marcaram toda a festa. Destaque para Jair Rodrigues que, em plena forma aos 70 anos, sambou e cantou ao lado de Lázaro Ramos "O samba da minha terra", do baiano Dorival Caymmi, e chegou a pegar Chico Buarque no colo depois da foto com todos os vencedores. Selton Mello, eleito Artista Prime do Ano pelo júri popular, depois de abraçar fortemente o irmão Danton Mello subiu ao palco e fez um divertido discurso, no qual agradeceu "a indústria farmacêutica e a psicanálise". Com uma folha de papel sacada do bolso, o ator leu citações de cada um de seus concorrentes na categoria. Arrancou aplausos da platéia ao citar Nelson Freire, Ferreira Gullar, Chico Buarque e Fernanda Montenegro, esta tendo dito que "viveu sem tempos mortos" - menção à peça de teatro que encenou esse ano, no papel da filósofa Simone de Beauvoir.

Na categoria Teatro, cujo prêmio foi entregue pelo parlapatão Hugo Possolo, o vencedor foi Roberto Alvim, pela peça "O Quarto". "É inacreditável", disse no momento da entrega. "Só a indicação já é um prêmio. São três espetáculos escolhidos numa cidade com uma forte cena teatral", afirmou. Nos agradecimentos, incluiu sua mulher, a atriz integrante do elenco Juliana Galdino.

O cinema foi bem representado por Terra Vermelha, uma produção que, embora pouco exibida nas salas nacionais, fez uma grande carreira por festivais. O produtor Fabiano Goulani e o roteirista Luiz Bolognesi receberam o troféu no lugar do diretor Marco Bechis. O filme é fruto de anos de pesquisas entre a comunidade dos índios de Dourados (MS). "Esse filme é Guarani-kaiowá e amplifica o sofrido canto desse povo", disseram. Bolognesi chegou a lembrar a cena em que cinco atores índios atravessaram o tapete vermelho do festival de cinema de Cannes. "Quatro deles estavam entrando num cinema pela primeira vez", disse o roteirista. "Chorei porque na semana seguinte eles iam pegar um caminhão e cortar cana nas fazendas de quem matou seus pais e seus irmãos", arrematou, concluindo com um convite para que o público conhecesse o filme.

Duas grandes cantoras abocanharam os prêmios de melhor CD e DVD. Balagandãs, de Ná Ozetti, é uma homenagem da cantora à intérprete Carmen Miranda. O prêmio foi entregue pelas mãos de Tom Zé com quase todos os músicos no palco. Fernanda Takai recebeu pelo DVD Luz Negra o troféu das mãos da cantora baiana Daniela Mercury. "Minha filha de seis anos sempre reclama das viagens e diz que não quer ser cantora porque tem de viajar muito. Dessa vez posso dizer que foi por um bom motivo", disse, apontando a estatueta.

Danilo Santos de Miranda, diretor do SESC São Paulo, subiu pela segunda vez ao palco do prêmio (em 2007 o SESC foi eleito a Melhor Programação Cultural) para ser eleito Personalidade Cultural do ano. O premiado reiterou seu compromisso com a cultura: "Ela é a única saída efetiva que temos para transformar nosso país num lugar melhor para todos". Ele recebeu o troféu das mãos do presidente de energia da CPFL, Augusto Rodrigues, que o anunciou como "ministro da cultura permanente do país".

Nas Artes Plásticas, o vencedor foi o artista plástico e também escritor - ele concorria também na categoria literatura com seu livro Ó - Nuno Ramos, pela instalação Mar Morto. O prêmio de música erudita ficou com Rosana Lanzelotte e Ricardo Kanji por Neukomm no Brasil. Jairo Mendes Leal voltou ao palco para agraciar o Instituto Moreira Salles como a melhor programação cultural do ano. Na categoria Dança, o prêmio foi entregue pela coreógrafa, diretora e produtora artística Dalal Achcar, fundadora da Associação de Ballet do Rio de Janeiro a Bruno Beltrão, do Grupo de Rua de Niterói, por H3.

Após a entrega do Prêmio de melhor artista Prime, Andréia Dias, Jair Rodrigues e Tom Zé voltaram ao palco para uma grande festa ao som de A Banda, de Chico Buarque. Como dizia a letra, a marcha alegre se espalhou e o público todo cantou junto no encerramento de uma das edições mais animadas da premiação.


Roberto Alvim, vencedor na categoria Teatro pela peça "O Quarto":

"Minha sensação foi de torpor. Achei de muita coragem o júri ter premiado

uma peça considerada difícil e até hermética por alguns".


Veja fotos da entrega do prêmio BRAVO! Prime


http://bravonline.abril.com.br/conteudo/assunto/5-premio-bravo-prime-cultura-508476.shtml


Veja as fotos da entrega do prêmio BRAVO! Prime na revista CONTIGO


http://contigo.abril.com.br/foto/evento/5-premio-bravo-prime-de-cultura-508468.shtml?ft=13p


Leia matéria sobre O QUARTO publicada na revista BRAVO! em novembro de 2008


http://bravonline.abril.com.br/conteudo/teatroedanca/teatroedancamateria_397843.shtml?pagina=1


Leia críticas sobre O QUARTO que foram publicadas no site da revista BACANTE e as respostas que o próprio Roberto Alvim deu no ano passado, logo após a estréia do espetáculo que foi ganhador do prêmio BRAVO! Prime, este ano.


http://www.bacante.com.br/revista/critica/o-quarto/comment-page-1#comment-2620


Eu deixei meu comentário lá e reproduzo aqui:


Meus caros, um ano depois da estréia de O QUARTO, a peça que “revolucionou” a encenação de textos do Harold Pinter no Brasil – foi a primeira peça escrita pelo autor britânico e pela primeira vez encenada por aqui – ao contrário do que diz o título da música usada na peça “I’ll never smile again”, Roberto Alvim, o diretor pode, sim, continuar sorrindo e, no fundo, até está dando discretas gargalhadas já que arrebatou o prêmio BRAVO! Prime de melhor espetáculo teatral na quinta edição que aconteceu no último dia 26 de outubro, em São Paulo. Roberto Alvim já se considerava vitorioso ao ser indicado para o cobiçado prêmio e disse estar muito surpreso com a conquista. Alvim quebrou várias regras do nosso teatro e sua ousadia lhe deu mais que um prêmio. Ele ganha, a cada nova montagem, o reconhecimento de que seus espetáculos vão muito além de um simples sorriso ou de aplausos gratuitos.

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