"O Brasil é o país dos festivais e para BRAVO! é uma alegria e um desafio fazer a crônica dessas revoluções". Foi com essa frase, dita pelo presidente-executivo da editora Abril, Jairo Mendes Leal, que foi aberta a cerimônia do 5º prêmio BRAVO! Prime de Cultura, com o patrocínio do Bradesco Prime e apoio da CPFL Energia e da Claro. O evento aconteceu nesta segunda-feira, 26 de outubro, e foi realizado na Sala São Paulo, com a presença de grandes nomes da cultura do pais, como Chico Buarque, Selton Mello, Milton Hatoum e Danilo Santos de Miranda.
Como no ano anterior, a festa da entrega foi apresentada pelo bem-humorado ator Lázaro Ramos. As apresentações artísticas principiaram com a presença do cantor e compositor Tom Zé, que subiu ao palco com uma meia no rosto. "Eu sou Tom Zé, não é um assalto ainda", disse, arrancando risadas do público. A piada deu seqüência a uma série de divertidas apresentações, com músicas que lembravam a Era dos Festivais, tema do prêmio esse ano. O primeiro número do cantor foi uma paródia de sua própria composição, "São, São Paulo Meu Amor", vencedora da quarta edição do Festival da TV Record, em 1968. "Saí de casa a rigor na esperança de um prêmio BRAVO! e agora vem um cantor" e "antes dessa opereta, me dá logo a estatueta" foram alguns dos versos que alegraram os ansiosos concorrentes das diversas categorias do prêmio.
Chico Buarque foi o vencedor na categoria literatura e seu prêmio foi entregue pelo autor de Cinzas do Norte, Milton Hatoum, a quem abraçou fortemente antes de receber a estatueta. A cena da dupla de escritores sorridentes repetiu a dobradinha de sucesso vista na edição do Festival de Literatura de Parati (FLIP) desse ano, na qual dividiram uma concorrida mesa. O compositor, músico e também escritor dedicou o prêmio a Hatoum, seu amigo, e deixou o palco após abraçar o apresentador Lázaro Ramos, que não perdeu a oportunidadde de exclamar: "Sou seu fã, Chico!". Em homenagem ao premiado, a apresentação seguinte teve um pout-pourri dos primeiros lugares do festival de 1967, Ponteio (Edu Lobo), Roda Viva (Chico Buarque), Domingo no Parque (Gilberto Gil) e Alegria, Alegria (Caetano Veloso), interpretados pela cantora Andréia Dias, acompanhada de uma orquestra de 12 músicos e um regente.
O bom-humor e a animação marcaram toda a festa. Destaque para Jair Rodrigues que, em plena forma aos 70 anos, sambou e cantou ao lado de Lázaro Ramos "O samba da minha terra", do baiano Dorival Caymmi, e chegou a pegar Chico Buarque no colo depois da foto com todos os vencedores. Selton Mello, eleito Artista Prime do Ano pelo júri popular, depois de abraçar fortemente o irmão Danton Mello subiu ao palco e fez um divertido discurso, no qual agradeceu "a indústria farmacêutica e a psicanálise". Com uma folha de papel sacada do bolso, o ator leu citações de cada um de seus concorrentes na categoria. Arrancou aplausos da platéia ao citar Nelson Freire, Ferreira Gullar, Chico Buarque e Fernanda Montenegro, esta tendo dito que "viveu sem tempos mortos" - menção à peça de teatro que encenou esse ano, no papel da filósofa Simone de Beauvoir.
Na categoria Teatro, cujo prêmio foi entregue pelo parlapatão Hugo Possolo, o vencedor foi Roberto Alvim, pela peça "O Quarto". "É inacreditável", disse no momento da entrega. "Só a indicação já é um prêmio. São três espetáculos escolhidos numa cidade com uma forte cena teatral", afirmou. Nos agradecimentos, incluiu sua mulher, a atriz integrante do elenco Juliana Galdino.
O cinema foi bem representado por Terra Vermelha, uma produção que, embora pouco exibida nas salas nacionais, fez uma grande carreira por festivais. O produtor Fabiano Goulani e o roteirista Luiz Bolognesi receberam o troféu no lugar do diretor Marco Bechis. O filme é fruto de anos de pesquisas entre a comunidade dos índios de Dourados (MS). "Esse filme é Guarani-kaiowá e amplifica o sofrido canto desse povo", disseram. Bolognesi chegou a lembrar a cena em que cinco atores índios atravessaram o tapete vermelho do festival de cinema de Cannes. "Quatro deles estavam entrando num cinema pela primeira vez", disse o roteirista. "Chorei porque na semana seguinte eles iam pegar um caminhão e cortar cana nas fazendas de quem matou seus pais e seus irmãos", arrematou, concluindo com um convite para que o público conhecesse o filme.
Duas grandes cantoras abocanharam os prêmios de melhor CD e DVD. Balagandãs, de Ná Ozetti, é uma homenagem da cantora à intérprete Carmen Miranda. O prêmio foi entregue pelas mãos de Tom Zé com quase todos os músicos no palco. Fernanda Takai recebeu pelo DVD Luz Negra o troféu das mãos da cantora baiana Daniela Mercury. "Minha filha de seis anos sempre reclama das viagens e diz que não quer ser cantora porque tem de viajar muito. Dessa vez posso dizer que foi por um bom motivo", disse, apontando a estatueta.
Danilo Santos de Miranda, diretor do SESC São Paulo, subiu pela segunda vez ao palco do prêmio (em 2007 o SESC foi eleito a Melhor Programação Cultural) para ser eleito Personalidade Cultural do ano. O premiado reiterou seu compromisso com a cultura: "Ela é a única saída efetiva que temos para transformar nosso país num lugar melhor para todos". Ele recebeu o troféu das mãos do presidente de energia da CPFL, Augusto Rodrigues, que o anunciou como "ministro da cultura permanente do país".
Nas Artes Plásticas, o vencedor foi o artista plástico e também escritor - ele concorria também na categoria literatura com seu livro Ó - Nuno Ramos, pela instalação Mar Morto. O prêmio de música erudita ficou com Rosana Lanzelotte e Ricardo Kanji por Neukomm no Brasil. Jairo Mendes Leal voltou ao palco para agraciar o Instituto Moreira Salles como a melhor programação cultural do ano. Na categoria Dança, o prêmio foi entregue pela coreógrafa, diretora e produtora artística Dalal Achcar, fundadora da Associação de Ballet do Rio de Janeiro a Bruno Beltrão, do Grupo de Rua de Niterói, por H3.
Após a entrega do Prêmio de melhor artista Prime, Andréia Dias, Jair Rodrigues e Tom Zé voltaram ao palco para uma grande festa ao som de A Banda, de Chico Buarque. Como dizia a letra, a marcha alegre se espalhou e o público todo cantou junto no encerramento de uma das edições mais animadas da premiação.
Roberto Alvim, vencedor na categoria Teatro pela peça "O Quarto":
"Minha sensação foi de torpor. Achei de muita coragem o júri ter premiado
uma peça considerada difícil e até hermética por alguns".
Veja fotos da entrega do prêmio BRAVO! Prime
http://bravonline.abril.com.br/conteudo/assunto/5-premio-bravo-prime-cultura-508476.shtml
Veja as fotos da entrega do prêmio BRAVO! Prime na revista CONTIGO
http://contigo.abril.com.br/foto/evento/5-premio-bravo-prime-de-cultura-508468.shtml?ft=13p
Leia matéria sobre O QUARTO publicada na revista BRAVO! em novembro de 2008
http://bravonline.abril.com.br/conteudo/teatroedanca/teatroedancamateria_397843.shtml?pagina=1
Leia críticas sobre O QUARTO que foram publicadas no site da revista BACANTE e as respostas que o próprio Roberto Alvim deu no ano passado, logo após a estréia do espetáculo que foi ganhador do prêmio BRAVO! Prime, este ano.
http://www.bacante.com.br/revista/critica/o-quarto/comment-page-1#comment-2620
Eu deixei meu comentário lá e reproduzo aqui:
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