Para vocês que habitam o tempo, o espaço, os palcos, as coxias, os ensaios, a preparação dos figurinos, dos cenários, a escolha do elenco, a direção, a sonoplastia, a trilha sonora, a iluminação, a produção, os textos, meus cumprimentos e minha admiração pelo que fazem. A todos vocês e aos integrantes do Núcleo de Dramaturgia SESI Paraná, coordenado pelo Marcos Damaceno, ao Roberto Alvim, orientador da oficina permanente de dramaturgia, e a Ana Zetolla, que coordena atividades culturais do SESI Paraná, meus agradecimentos pela paciência e pela oportunidade que me propiciaram de integrar e participar das atividades desenvolvidas pelo Núcleo de Dramaturgia a partir de abril deste ano no Teatro José Maria Santos.
Ao conseguir minha participação na turma da tarde da oficina coordenada pelo Roberto Alvim, realizei parte de um acalantado sonho e assumi um compromisso de estudar muito, dedicar-me exclusivamente a todas as atividades que seriam desenvolvidas e, também, retribuir a oportunidade com meu esforço e com a possibilidade de escrever muito, muito mesmo, de exercícios a textos teóricos, e, também, textos, novas peças. E foi o que fiz e que, neste momento em que as atividades do Núcleo de Dramaturgia patrocinado pelo SESI Paraná encerra seu primeiro ano de muito trabalho, presto contas do que fiz e até como forma de provar que as "minhocas" plantadas em minha cabeça pelo Roberto Alvim e por todos os outros profissionais, brasileiros ou da Inglaterra e da Escócia, que aqui vieram transmitir seus conhecimentos em palestras e workshops, foram eficazes e que acabaram revolvendo um certo lado do meu cérebro que passou a responder com personagens, situações, funções dramáticas e cinco peças que consegui escrever em nove meses de trabalho. Foram elas: Manhas, Mutretas e o Escambau; Cinco Cafés e Algumas Gotas de Afeto; Daysi; Parent(es)is e Eu avec Você. No mesmo período consegui traduzir um texto teórico do espanhol José Sanchis Sinisterra (Narraturgia) e da autora argentina Susana Lastreto, que mora em Paris, traduzi a peça "Parejas", que é "Casais" em português. Também reescrevi uma peça que havia escrito em 2003 (Das Razões do Nosso Medo), quando trabalhava numa editora universitária na cidade de Salvador, na Bahia.
A todos os meus colegas da oficina de dramaturgia - em especial à Eliane Karas, ao Douglas Daronco, a Cláudia Brito e Cynthia Becker - meus sinceros agradecimentos pelas leituras e comentários sobre meus textos e pela paciência com meus trabalhos que inundaram nossos encontros a partir de abril passado.
Hoje, no penúltimo encontro com o Roberto Alvim, achei que uma forma de agradecer era citando alguns trechos de diálogos do autor francês Valère Novarina na peça "Vocês que Habitam o Tempo" e onde a personagem "A Criança das Cinzas" dialoga com "O Vigia":
O Vigia - Nome inscrito nos olhos que você tem nos olhos: João Veto.
A Criança das Cinzas - Por favor, me passe o meu cadáver!
O Vigia - Recue! Avance!... Você fica com dor nos olhos quando fecho os meus? Se sim diga não, se não diga desde quando você não me vê mais.
A Criança das Cinzas - Diga primeiro se meu nome é realmente João Veto ou se não. Se não for, me afirme. Risque em nulo se não for o caso.
O Vigia - Teu nome verdadeiro deve ser calado.
A Criança das Cinzas - Será que a minha boca cabe bem nessas palavras?
(trecho na página 157 do livro de Valère Novarina, tradução de Angela Leite Lopes e publicada pela Editora 7 Letras, Rio de Janeiro)
As palavras que não cabem em minha boca, que nasceram em minha imaginação, que foram provocadas pelos ensinamentos do Roberto Alvim, que passaram pelo teclado do meu computador, que ganharam uma forma dramatúrgica, que foram encaminhadas à Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro para registro, agora querem ganhar voz na boca de atores e atrizes. E é com essa disposição que invadirei 2010 para buscar a outra parte do meu sonho que em 2009 consegui completar importante pedaço.
Um forte abraço a todos "Vocês que habitam o tempo", o espaço, as coxias, os ensaios...
Rogério Viana
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