terça-feira, 19 de janeiro de 2010

De onde vem a Dramaturgia?

"Se o dramaturgo não escreve todos
os dias, está morto", diz Caballero

Há um caminho a ser pavimentado para que a dramaturgia chegue até um autor? Deve-se retirar subidas, descidas, eliminar curvas, deixar pontes mais seguras? Qual o roteiro que o dramaturgo deve seguir para permitir que a dramaturgia chegue até ele sem maiores desafios?

O autor venezuelano Néstor Caballero escreveu um diário, em julho de 2003, e narrou com poesia e bom humor, o que enfrentou para ver, literalmente, novamente a dramaturgia no seu dia-a-dia.

Ele é o autor do texto - De onde vem a Dramaturgia? - publicado na edição 25 (2004) da Revista Teatro CELCIT, publicada na Argentina. Fiz a tradução e foi divertido ver os caminhos que Néstor teve que percorrer para ter a dramaturgia ao seu lado. Uma coisa é certa, e antecipando o que ele escreveu: "Para viver, tem que escrever. Deve-se escrever sempre, todos os dias, mesmo que seja uma linha, uma frase. Se o dramaturgo não escreve todos os dias, está morto".

Aqui, o começo do diário:

De onde vem a Dramaturgia?

Néstor Caballero

(dramaturgo venezuelano)

Tradução de Rogério Viana

Dia 1

Como bordado em fio de ternura chega o mês de julho. Olho pela janela e não vejo, o dia é como um bater de asas de avezinhas luminosas.

Dia 2

A dramaturgia deixa palavras faladas no ar, para que todos as escutem, as vejam, as apalpem, as respirem, as saboreiem e, por que não, as cuspam se for preciso.

Dia 3

O cerne da dramaturgia é a alma. Se a literatura dramática não tem sua raiz na alma, a palavra, na dramaturgia, murcha.

Escrever teatro é atravessar aros de fogo. A alma se purifica, é verdade, porém o corpo, esgotado, fica em dívida, consumido.

Dia 4

De onde vem a dramaturgia? Pergunto-me. De onde e como foi que escrevi? Trato de recordar e sempre me vejo, todas as manhãs de minha vida, sentado, primeiro com lápis e papel, logo quando pude, com máquina de escrever e, nestes anos, diante da tela do computador, angustiado, buscando o que escrever. Ali passei, e passo, horas e mais horas, inutilizado, atrevendo-me apenas a respirar, sem que nada venha a mim, sem uma frase, sem uma palavra. (...)

Quem quiser o texto integral, acesse-o aqui. Para comentá-lo, envie-me e-mail para

rogeriobviana@yahoo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário