quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Monólogo de Susana Lastreto - Tradução

Aventura de uma imigrante argentina que chega
a Paris para "viver seu destino extraordinário"

Site francês com notícia e capa do
livro com o texto "Noite de Verão..."

Traduzi, esta semana, o monólogo "Noite de Verão bem longe dos Andes... ou diálogo com meu dentista" da autora argentina radicada em Paris, Susana Lastreto, que é diretora do G.R.R.R - Groupe Rires, Rage et Résistance, atriz e professora da Escola Internacional de Teatro Jacques Lecoq.

Susana escreveu o texto e o publicou em língua francesa em 2007 e, em 2008 fez sua versão para o espanhol. Foi a partir do texto em espanhol, que ela me enviou, que eu traduzi para o português. O monólogo conta a aventura de uma imigrante argentina que chega a Paris para "viver seu destino extraordinário" e se vê envolvida com muitos problemas - o tratamento de seus dentes, a falta de documentos, os tais papéis, a busca da felicidade, o casamento sem amor que garantiria os tais papéis, o sub emprego, o encontro com o teatro, com Cortázar e Sartre, com outros imigrantes - até um brasileiro, de nome João, professor de capoeira e que vendia drogas para financiar a montagem de espetáculos de teatro. O texto conta sobre a família na Argentina e a conversa que tem com seu dentista e com vários personagens que ajudaram a personagem a manter-se viva e lúcida.

Mais sobre Susana Lastreto e "Noite de Verão bem longe dos Andes..." (material em francês)

Aqui, uma parte inicial do texto.

Mulher

Toda a vida sonhei em fazer isto: sair do palco justamente antes do começo do espetáculo, sentar-me na plateia, assim, com vocês, - em geral há muitas poltronas vazias – (senta-se junto a um espectador) … e esperar. Ver o que acontece. Porque se vocês estão aqui sentados esperando, é que vai acontecer algo, não é?

(espera um pouco)

Porém não acontece nada! Absolutamente nada! (dá muita risada da situação e ri um pouco) E se apagarmos as luzes? Também sempre sonhei em fazer isto: dizer “apagão” e que todas as luzes se apaguem, e esperar o que acontece... Apagão!

(a sala e o palco se apagam simultaneamente)

Ah, porém é esta a melhor maneira de começar! Que maravilha! Na escuridão se pode sonhar, imaginar...

(o músico faz um som desagradável)

Ai, não, por favor, não! Parece com a broca do meu dentista, que horror! (o músico faz o som de um vento que sopra cada vez mais forte) Ah, isso sim... escutem... é o vento que sopra sobre a planície, em meu país. Imaginem uma planície imensa ao pé de picos nevados... E uma tropa de cavalos selvagens galopando com suas crinas ao vento... E nuvens fugindo, pelos brancos arranhando o horizonte...

(o músico para de fazer sons e olha para a mulher desconsolado sem saber que ruido deve fazer, já que as nuvens são silenciosas... a mulher sorri)

O trem!

(o músico, feliz, começa a fazer o ruído de um trem que se aproxima, o resfolegar da locomotiva. É um trem antigo...)

(...)

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