segunda-feira, 12 de abril de 2010

Diálogos impossíveis dentro de uma realidade possível

Você sabe para onde vai?

A princípio, sim.

Então, sabe.

Mas posso não ir para onde imaginei.

Imaginou?

Sim. Mas não vou para lá.

Mudou ou preferiu escolher outro lugar?

Nem uma, nem outra.

Não é questão de mudança, muito menos de escolha.

Agora você sabe para onde vai?

Agora, não.

Mas como? É absurdo assim...

Nem tanto, nem tanto...

Na primeira pergunta, você disse que a princípio sim.

Na segunda, disse agora não.

E agora?

Eu vou.

Para onde?

Para onde não tinha pensado antes. Prefiro ir por onde não imaginassem que eu iria.

Então não vai para lá?

Não. Nem para cá...

Vai para onde?

Vou por onde eu vou.

Sem rumo, é isso?

Você não devia se preocupar pelas minhas escolhas.

É que você diz uma coisa, acaba indicando uma outra e vai numa direção completamente diferente.

Não posso, sempre, caminhar pelo lado previsível do caminho.

Mas para lá é para lá. Para o outro lado, é o outro lado.

Mas eu posso voar e chegarei onde desejo.

Com que asas?

Eu penso, não penso?

Sim, então sabe que não voa.

Mas eu imagino, não imagino?

Mas isso não torna o caminho real.

Mas eu tenho coragem.

Mas isso não facilita a jornada.

Mas eu tenho fé.

Não me consta que você seja um homem de fé.

Mas eu acredito numa estranha força que vez ou outra aparece estar em mim.

Mas isso não facilita em nada os embates de sua vida.

Mas eu não existo.

E eu não sei?

Então...

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