Duplos sentidos e provocações neste "Tango" que dança com palavras |
Terminei a tradução do peça teatral "Tango", da autora argentina Patricia Zangaro. O texto é uma dança. Tem um ritmo todo próprio. Difícil começar e parar no meio. Assim, embalei-me neste "Tango". Um texto que brinca, dança, provoca, impõe, surpreende, asfixia, provoca, dá prazer e explode num encontro sensual sem precedentes entre os corpos e as palavras. Os sentidos - todos eles - e a emoção de dançar ao som de tangos que trazem um "duplo sentido", uma provocação, uma coisa que se diz e não é ou o que é mesmo quando não se diz.
Na parte final do texto, há um comentário de Susana Poujol e vou fazer daquelas palavras, as minhas. A tradução também é minha.
Tanguedia
Sobre “Tango” de Patricia Zangaro
Entre o frio da imobilidade e o calor do movimento total de macho-fêmea, “Tango” é um poematango.
Não somente uma dança com a palavra, senão uma cerimônia erótica, descaradamente tanguera: a paixão do homem que manda, ordena, marca, e ela, o paninho, a seus pés.
Papéis de homem-mulher que também significam marcação, em um duelo sexual onde se fala com as mãos, os pés, a carne, os mamilos, o sêmen, a “apertada”. Dança desaforada dos zelos, que não perde nunca o um, dois, três, “sentadinha”, acompanhada pelo título de um tango, ou outro, ou outro...
A paixão final, devorar-se, morrer um e o outro, morde em torno de imagens: os corpos e a palavras compõe e dançam uma “tanguedia” tão rígida quanto feroz.
Susana Poujol
O texto "Tango" foi vencedor, na Itália, em 2008, do Prêmio "La Scrittura della differenza".
Os interessados em lerem o texto "Tango" de Patricia Zangaro que traduzi poderão solicitá-lo pelo e-mail: rogeriobviana@yahoo.com.br
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