terça-feira, 16 de março de 2010

Da filha para seu pai. Uma lição de cinema com emoção


Marina Person demorou um tempão para concluir um filme sobre um cineasta muito especial para ela e sua família. O filme foi feito com base em um roteiro muito conhecido por ela, pois o principal personagem era seu pai, o cineasta Luís Sérgio Person.

Assisti hoje ao filme "Person" no "Canal Brasil". Fiquei emocionado com o que vi. Com que delicadeza a filha trata aquele personagem singular, feérico, autor de filmes emblemáticos para o cinema brasileiro como "O Caso dos Irmãos Naves" e "São Paulo S.A.". Person faleceu em 7 de janeiro de 1976, pouco antes de completar 40 anos. Cenas do filme "Person", aqui.

Não vou comentar sobre a carreira de Person, o personagem. Nem falarei sobre Marina, a jornalista e apresentadora da MTV brasileira, sua filha. Nem vou falar de sua irmã, Domingas, uma atriz que vi no palco do teatro do SESC da Esquina no Festival de Teatro de Curitiba no ano passado com a peça "Ménage". Vou comentar aqui um episódio registrado no filme e contado por vários entrevistados que mostra o que é acreditar na arte, e no seu trabalho, e o que o artista teve que fazer para não deixar de levar comida e conforto para sua família, no caso, sua esposa Regina Jehá e as filhas Marina e Domingas.

Depois de investir num filme que ele mesmo, tempos depois, considerou menor, sem expressão e equivocado, Luiz Sérgio Person ficou a "zero", sem nenhum. Ferrado mesmo. Teve, então, que pedir emprego para um amigo seu, dono de uma produtora de filmes para comerciais de Televisão. Sem ser da "tchurma", Person que precisava levantar uma grana, bem rápido, pegou os rolos dos filmes da referida produtora e vou bater na porta das grandes agência de propaganda da época.

Ele mesmo contou, numa entrevista para a TV, que se sentiu humilhado quando ficava horas esperando para ser atendido pelo "gênios" da publicidade das tais agências de propaganda. Precisava de grana. Então insistiu. Tempos depois passou a dirigir e produzir os tais filmes de 30 segundos para a TV. Como era um homem de talento para a coisa, mesmo limitado pelos tais 30 segundos, Person realizou um trabalho que agradou e, em pouco tempo, a tal produtora empregava muita gente. E grandes produções para comerciais de TV foram produzidos e dirigidos por ele. Mas cinema comercial não era a praia de Person. Depois de entregar mais um trabalho, no final do expediente da produtora, Person ligou para seu sócio e disse que, a partir de "amanhã, não faço mais filmes para propaganda". E não fez mesmo.

O que aconteceu a seguir é digno de nota. Person ligou para todos os diretores de cinema e TV das tais agências clientes de sua produtora e anunciou solenemente que não mais faria nenhuma nova produção para eles. E, em tom mais do que solene, por puro deboche, disse a cada um publicitário "gênio" das agências: Quero que você vá para ...

Sim, Person mandou os publicitários para... a "p... q... p...".





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